sexta-feira, 20/setembro/2024
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Preço do peixe em Mato Grosso chega a ser maior que cortes nobres bovinos

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Às margens do rio Cuiabá e na porta de entrada do Pantanal, Mato Grosso principalmente a região da Baixada Cuiabana, desenvolve uma gastronomia tradicional ligada aos peixes de água doce. Pintado, pacu, piraputanga e dourado estão entre as delícias mais conhecidas e consumidas, tanto pelos conterrâneos quanto pelos turistas que por aqui passam. Mas um detalhe, um tanto quanto relevante, faz com que a tradição não seja mais popularizada: o preço. Mais caro do que as peças mais nobres da carne bovina, os peixes da região podem chegar à mesa por valores superiores ao dos pescados em água salgada, que viajam quilômetros até chegar ao Estado.

No tradicional Mercado do Porto, as 28 bancas disputam clientes e turistas que procuram comprar ou conhecer a carne branca nativa, com preços que variam entre R$ 10 a unidade, a R$ 22 o quilo, como é caso do pintado, o peixe mais vendido. Este valor, segundo o peixeiro Lucivaldo Sousa, da Associação de Pescadores do Mercado do Porto, é consequência do valor estipulado pelos pescadores somados aos custos para manutenção das bancas. "Não recebemos nenhuma ajuda do poder público. Temos que pagar água, luz, condomínio. Temos muitos custos e o consumidor é quem acaba sofrendo as consequências", revela o representante ao comentar que o lucro não passa de R$ 2 por quilo.

Antônio Marques da Silva é pescador profissional há 30 anos e diz que o preço é de acordo com a oferta. Se tem muito peixe, o preço cai, e o contrário acontece quando falta pescado. Segundo o pescador, o pintado chega para os peixeiros por uma média de R$ 14 o quilo, considerando o peixe inteiro. "Eu pesco e também compro de outros pescadores para vender na cidade. O preço não varia muito e o lucro fica em torno de 20%".

O vendedor Luciovaldo Sousa diz que muitos ribeirinhos chegam à feira sem noção de preço e pedem um valor muito alto, o que inviabiliza para o comerciante. "Eles não sabem como estão o mercado e colocam um preço que não condiz com a realidade. Negociamos, para conseguir vender depois. Temos que pensar no preço de venda". Luciovaldo garante que enquanto há peixe, tem consumidor e que se fosse mais barato com certeza iriam vender mais. "Se temos 100 quilos, vendemos tudo, se fossem 200 kg também venderíamos", afirma ao revelar que tem dias que o mercado comercializa até 800 kg de pintado.

E isso realmente não aparenta nenhum absurdo. Na Peixaria Lélis, por exemplo, o consumo diário é de 200 kg. De acordo com o maître, Fábio Gonçalves, como o restaurante trabalha com 7 variedades, o consumo aumenta muito. Quanto aos preços, Gonçalves confirma que isso prejudica um pouco por ser elevado, mas que para compensar e garantir o fornecimento, eles também compram direto de psicultores.

Na peixaria Popular, Leomar Barros, o Pacu, diz que há um boicote por parte dos peixeiros que combinam os preços e impõem um valor tabelado. "É uma espécie de "cartel". Todo mundo cobra o mesmo valor". Luciovaldo Sousa nega eu haja um acordo entre eles, o que acontece, afirma, é que todos têm custos parecidos e compram peixes praticamente pelo mesmo preço. "Os pescadores chegam aqui e cobram igualmente para todos, só consegue peixe mais barato que vai até a beira do rio buscar a mercadoria".

O diretor da Associação de Supermercados de Mato Grosso (Asmat) e proprietário da rede Modelo, Altevir Magalhães, refuta a ideia de que o pescado tenha um valor muito alto e que isso implica em um consumo menor. De acordo com Magalhães, o peixe está em um processo de expansão de consumo e os preços são de acordo com a oferta e o valor de outras carnes. "O consumo está aumentando dia a dia, o que ocorre é que antes não havia produção em grande escala, como acontece com outros tipos de carnes. Hoje a psicultura está mudando isso e a redução de preços está vinculada ao incremento da criação em larga escala", e ainda afirma que além da pouca oferta, o peixe exige cuidados extras como maior refrigeração, mão-de-obra especializada, entre outros.

Quanto à equivalência de preço com animais de origem marinha importada de outros estados, Altevir Magalhães afirma que isso ocorre apenas com a relação ao pintado. "O pintado está escasso e a tendência é cada vez ficar mais caro, mas é uma exceção. Porém com outros peixes, que podem ser criados em tanques, esta relação não existe", afirma ao comentar que o preço médio do kg da carne branca em seu supermercado é de R$ 7, igual ao preço médio da carne bovina e R$ 3 mais caro que a média do frango.

 

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