Os preços dos alimentos e bebidas registraram taxas de variação acima do centro da meta da inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) nos últimos quatro anos, de acordo com análise do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgada nesta quinta-feira (21).
Segundo o instituto, a alta internacional do preço das commodities e o aquecimento do mercado interno, com a melhora da distribuição de renda e do mercado de trabalho, podem explicar o avanço dos preços destes itens acima da meta inflacionária.
Já os preços dos monitorados (que incluem transporte público, combustíveis e planos de saúde, entre outros) e dos produtos industrializados apresentaram taxas inferiores à meta da inflação, de acordo com a análise.
Abaixo da meta
No caso dos itens monitorados, o Ipea ressalta que os preços de combustíveis, telefonia e energia elétrica têm ajudado a segurar o avanço da inflação desde 2007. Já as categorias planos de saúde, transporte público e fármacos registraram reajustes próximos ao centro da meta em alguns anos e acima em outros.
Para este ano, no entanto, as expectativas para os preços dos monitorados são pessimistas. “O IPMI (Índice de Pressão sobre a Meta de Inflação) do grupo era igual a -0,38 em dezembro e foi a 0,43 em junho de 2011, aumento de 0,81 ponto, o maior dentre os quatro grandes grupos”, diz o relatório do Ipea.
Segundo os economistas da instituição, as principais contribuições para este avanço vieram dos combustíveis, transporte público e outros monitorados, que incluem os subitens taxa de água e esgoto e emplacamento.
Valorização do real
Os preços dos produtos industrializados também ficaram abaixo da meta de inflação nos últimos quatro anos, principalmente por conta da valorização do real ante o dólar e o aumento da produtividade.
A variação de preços do agrupamento automóveis, veículo e autopeças foi de 1,3% em 2007 e negativa nos outros anos, por conta de “intensos ganhos de produtividade da indústria automobilística e da redução do IPI em 2009”, diz o Ipea.
Em junho deste ano, considerando o acumulado em 12 meses, o IPMI dos produtos industrializados continua negativo (-0,22). “A aceleração nos preços dos não-duráveis foi compensada pela desaceleração dos duráveis e semiduráveis”, aponta o instituto.