O especialista da Embrapa Florestas Paulo Ernani Ramalho Carvalho fará, daqui a pouco, na Unemat Sinop, a pedido do Sindusmad, palestra para industriais madeireiros e engenheiros florestais, sobre o plantio de espécies nativas com fins comerciais. Ontem, ele esteve em Cuiabá abordando o mesmo tema. “Não aceito mais que se plante espécies não tradicionais por falta de informação!”. Tradicionalmente, quando se fala em plantio comercial de árvores, as vedetes são espécies exóticas como variedades de pinus, eucalipto e teca. Isto porque para estas espécies já existem informações detalhadas desde a ecologia da espécie até os custos de plantio, manejo e poda e, principalmente, do seu retorno comercial. Plantar espécies nativas, para boa parte dos investidores e profissionais da área, é um risco pela falta de informação.
Ernani põe por terra essa idéia e afirma que o que falta para o Brasil é divulgar as experiências de sucesso que têm com o plantio e manejo de suas espécies florestais. Em Mato Grosso mesmo ele já visitou o plantio experimental da Empaer, em Sinop, e garante que são experiências que precisam ser amplamente divulgadas porque têm resultados positivos para mostrar.
Segundo ele, no Brasil a taxa de crescimento arbórea é altíssima, superando largamente a maior parte dos outros países. Até mesmo espécies exóticas crescem mais aqui que em seus países de origem, como a teca (Tectona grandis), nativa da Índia.
Na sua lista de espécies viáveis economicamente, ele separou 20 que são nativas de Mato Grosso para as quais já existe informações suficientes para começar plantios. O carvoeiro, também conhecido como ajusta-contas, por exemplo, (Sclerolobium paniculatum) está pronto para ser usado como lenha entre 5 e 10 anos e com 12 já está pronto para ser serrado para uso madeireiro. Além disso, ajuda na fixação de nitrogênio no solo e processa seu próprio fósforo muito bem. Para completar, suas flores são excelentes para quem produz mel.
“O paricá, para cada R$ 1 investido, retornam R$ 12 e leva seis anos para crescer”. Mas esta árvore, também conhecida como pinho-cuiabano (Schizolobium amazonicum) é sensível a doenças e não aceita qualquer tipo de solo. Para ser viável, Ernani avisa que deve ser plantado em consórcio com outras espécies, no sistema de agrofloresta. Esta, aliás, é a segunda mensagem transformadora da sua palestra: monocultura de árvores não é o melhor caminho. “Temos que respeitar o que a natureza manda, se na natureza há no máximo oito mognos por hectare, não vai funcionar plantar mais de oito”.
O pesquisador também fará palestra amanhã em Alta Floresta