Doutor pela Universidade Federal do Paraná e pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o engenheiro florestal Paulo Ernani Carvalho palestrou esta manhã para acadêmicos, empresários do setor madeireiro, agrônomos, entre outros. Na pauta, o reflorestamento.
Conforme o pesquisador, Mato Grosso é o Estado com maior potencial de crescimento florestal e entre as variedades mais utilizadas estão o eucalipto e a teca. Esta última, originária da Índia e com um nobre valor. Carvalho constatou, em suas pesquisas que “enquanto a teca é cortada na Índia com 80 anos, em Mato Grosso é com 25. Nós queremos fomentar outras espécies como alternativas porque o plantio puro é muito perigoso”, declarou.
Ele também salientou que o tempo necessário para uma árvore ser aproveitada novamente, após reflorestada uma área, varia para cada espécie. “Algumas podem ser cortadas com cinco anos. As mais precoces são o eucalipto e uma outra com o nome sugestivo chamada de ‘ajusta conta’. Outras espécies também podem ser cortadas com cinco anos, mas o valor vai aumentando a cada ano, até chegar aos 25. O melhor uso para madeira é o financeiro, ou seja, para móveis de luxo e o menor para lenha e carvão. Quanto mais anos a árvores tiver, mais ela cresce em diâmetro e mais valor terá”, frisou.
Paulo Carvalho ainda alertou para alguns cuidados que devem ser tomados. “Escolher melhor semente, espaçamento, condução. É uma atividade igual a soja e tem que investir com carinho. Quem planta soja investe em tecnologia de ponta e quem planta madeira também deve utilizar para ganhar mais dinheiro”, acrescentou.
Para o pesquisador, a maior dificuldade para se reflorestar é o desconhecimento e a falta de vontade política. “A dificuldade se refere somente as espécies brasileiras, que o setor madeireiro alega que até hoje não tem conhecimento técnico, o que é uma inverdade. O que está faltando é o conhecimento ser divulgado. Mato Grosso é um Estado riquíssimo e tem vocação florestal”, concluiu.
“A importância é que até alguns anos o Brasil se caracterizava apenas pelo desmatamento das florestas naturais, sem se preocupar com o plantio das árvores cortadas. Porém, os promotores descobriram o código florestal e estamos seguindo a lei, e voltou-se ao interesse das espécies brasileiras”, acrescentou.
O pesquisador segue cumprindo uma agenda de palestras em Mato Grosso. Amanhã estará em Alta Floresta, onde, a convite de uma ONG, falará sobre viabilidade econômica das atividades de reflorestamento.