Enquanto 9 milhões de brasileiros estão em busca de emprego, em algumas áreas sobram vagas por falta de mão-de-obra qualificada, de acordo com a pesquisa Demanda e Perfil dos Trabalhadores Formais no Brasil em 2007, divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Segundo o estudo, este ano deve terminar com sobra de 25 mil vagas na indústria química e petroquímica, 23,9 mil na indústria de produtos de transporte, 21 mil na indústria de produtos mecânicos, e 20,8 mil vagas na indústria extrativista mineral.
“A situação é bastante grave. Faz com que algumas empresas recorram à importação de mão-de-obra, o que é lamentável, porque temos muita gente desempregada no país e que precisa ser qualificada”, avaliou o secretário de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação, Eliezer Pacheco.
Segundo ele, “a demanda do país hoje não é para cursos de bacharelado, mas para cursos de formação de técnicos e tecnólogos”. Pacheco disse que “durante décadas, como o país tinha um ritmo de desenvolvimento muito lento, os governos subestimaram a necessidade de investimento na formação especializada”.
“E hoje, com um ritmo de crescimento bastante acelerado, estamos entrando em uma fase crítica em vários setores que utilizam tecnologia de ponta”, acrescentou.
Para evitar “a fase crítica” que citou, o secretário informou que serão abertas 220 novas escolas técnicas em todo o país: “Quase metade delas já está em funcionamento e as demais ficarão prontas até o final de 2008.”
O aumento no número de escolas, porém, não será suficiente. Por isso, acrescentou Pacheco, a partir do próximo ano, o governo vai disponibilizar R$ 900 milhões para as redes estaduais de educação profissional.
“Queremos equipar todas as escolas estaduais e de formação de professores, porque temos consciência de que, mesmo crescendo muito, elas não vão atingir sequer 10% dos municípios brasileiros”, destacou. Os cursos oferecidos variam de acordo com as necessidades de mão-de-obra e a potencialidade de cada região.
A falta de mão-de-obra especializada não ocorre apenas nos cursos técnicos, mas também nas áreas de bacharelado. Segundo o presidente da Federação Nacional dos Engenheiros, Murilo Celso de Campos Pinheiro, o mercado “encolheu nas últimas duas décadas e fez com que as universidades reduzissem o número de formandos”.
Atualmente, o país forma 20 mil engenheiros por ano. “Com um mercado em ascensão, teríamos que formar pelo menos o dobro desse número de profissionais”, estimou o secretário. Para ele, a ampliação do número de vagas nas universidades pode ser uma solução para reverter a situação de carência de mão-de-obra, que afeta mais as áreas de engenharia civil e naval.