Pesquisa divulgada hoje, pela Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) revela que predomina uma visão otimista em relação ao cenário econômico do país, associada em parte ao desempenho positivo da demanda interna. Para 82% dos 180 empresários pesquisados, essa variável deverá se manter em alta no primeiro semestre, apesar da crise norte-americana, que não foi inteiramente captada no período de coleta – do final do ano passado até este mês.
O presidente da Abrasca, Antonio Castro, informou que para 72% dos entrevistados a expectativa é de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de riquezas do país, e de crescimento do emprego tanto no país (79%) como nos diferentes setores (62%). Em relação aos investimentos, 72% apostam em alta e 26%, em estabilidade. “O conjunto revela otimismo quanto ao clima de negócios no país”, disse.
Esse resultado, no entanto, ficou abaixo das projeções para o semestre passado, quando 87% das empresas indicavam alta dos investimentos e 13%, estabilidade. Segundo Castro, se a crise nos Estados Unidos recrudescer, “investimento é uma área que pode ter reação, porque é uma aposta em prazo mais longo”.
Na avaliação dele, a redução inédita de juros nos Estados Unidos “deu um alento de que talvez a crise lá continue muito séria, mas talvez esse efeito de repique não seja tão sério para os países emergentes”. Sobre os reflexos na balança comercial brasileira, acrescentou, a pesquisa aponta que 28% acreditam em alta e 62%, em queda. No semestre passado, 37% apostavam em alta e 21%, em retração, “mas hoje a economia é mais bem blindada, pelo nível de reservas”.
Os entrevistados revelaram, ainda, preocupação com a alta da inflação – 46% do total, contra 16% no semestre anterior. “Apesar disso, 54% acreditam em estabilidade”, acrescentou Castro, que considerou positiva a manutenção da taxa básica de juros em 11,25%, pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.
Para 72% dos consultados, os juros reais deverão ficar estáveis, mas a maior preocupação é com a carga tributária. Segundo o presidente da Abrasca, “a gente gostaria de ter cargas similares às dos demais países emergentes”. Ele analisou que se em algumas áreas do governo, “não o governo genericamente”, houvesse o rigor de empresas privadas quanto às despesas, haveria espaço para cortar gastos e promover a reforma tributária. Se 35% da riqueza gerada no país vão para o Estado, via tributação, “obviamente se está retirando um pouco da capacidade de investimento do setor privado”, comentou.