A injeção de dinheiro nos programas de crescimento do Governo Federal e o bom momento do agronegócio elevam os números e as expectativas do Centro Oeste do país a patamares que fazem com que indústrias nacionais sintam-se satisfeitas com resultados e repensem suas estratégias.
Para o gerente de operações da General Motors no Centro Oeste, Newton Silveira, cidades como Sinop, Sorriso, Lucas do Rio Verde e Nova Mutum em Mato Grosso, precisam de ações de venda diferenciadas porque, proporcionalmente ao número de habitantes, chegam a vender mais do que capitais como Goiânia (GO). "Em menos de 40 dias de lançamento do Camaro, só a Vianorte, em Sinop, vendeu três unidades de um veículo que tem um preço final considerado alto. Além disso a revendedora fechou o mês como líder local de vendas. Entendo com base nisso, que a região tem uma pegada forte no consumo e estamos de olho no que vem pela frente, colocando 18 produtos diferentes para o consumidor final", detalhou.
O executivo arrisca um crescimento médio nas vendas de 9% para o ano que vem, levando em conta a comercialização da GM em todo o país. "O Centro Oeste, o Norte e o Nordeste brasileiro puxam essa média para cima", explicou Silveira.
A possibilidade de avanços econômicos faz parte do planejamento de outros setores como o de saúde privada. O vice-presidente da Unimed Norte de Mato Grosso, Edson Nascimento, contou que, numa área de abrangência de quase 800 mil pessoas, a empresa está presente na vida de 24,5 mil usuários. "Em 2008 nossa carteira deu um salto de quase 30%. Em 2009 foi de 13% e estimamos algo em torno de 13% novamente para o próximo ano", afirmou.
Da mesma forma cresce o número de médicos cooperados que fazem parte do sistema. "Crescemos nos últimos meses de 100 para 150 profissionais e poderíamos ter mais, no entanto, tomamos um cuidado, fazemos um estudo, uma observação forte antes de convidar o profissional para fazer parte da cooperativa", afirmou Nascimento.
O economista José de Souza Neto, da Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat), também acredita em crescimento para 2011. Contudo, espera que seja na média de 10%. "A gente precisa observar a alta nos insumos e implementos agrícolas, prevista para janeiro, o que se reflete diretamente na economia regional, baseada na cultura da soja, milho e gado. Isso não quer dizer que vamos parar, ao contrário, vamos crescer, mas de um jeito menos acelerado," enfatiza.
A orientação de Neto se baseia em situações do mercado financeiro nacional. O teto de inflação projetada pela equipe econômica do presidente Lula era de 5,6% para 2010 e deve ser entregue à equipe de Dilma Roussef com 5,2%. Uma situação de alerta. No novo Governo Federal pode ser mantida parte da equipe econômica, só que com um perfil moderado, na opinião do economista. "Basta ver que para cada R$ 100 que os bancos movimentavam, o governo os obrigava a colocarem R$ 20 como garantia em caso de crises ou quebradeiras no sistema. Essa mesma garantia sobe para R$ 40 para cada R$ 100, o que demonstra que a luz amarela acendeu", definiu.
Neto aposta ainda em redução do crédito e num aumento da taxa de juros como forma de segurar o consumo para que a inflação não volte. "Do jeito que está com prazos longos, pode faltar produtos, e se faltar, o preço sobe, o que dificulta o controle econômico por parte do governo. Então, não me assustaria com a redução dos financiamentos de 60 para até 24 meses como forma de contensão", projetou.