O setor madeireiro mato-grossense vive momentos de cautela com a alta do dólar. Muitas madeireiras exportam compensados e outros derivados da madeira e também compram muitos insumos e máquinas baseados no dólar, que teve forte alta nos últimos 20 dias. O presidente do Sindusmad (Sindicato das Indústrias Madeireiras do Norte de Mato Grosso), José Eduardo Pinto, reuniu-se com diretores, sábado, e considerou que alguns exportadores e clientes brasileiros diminuíram o volume de compras. “Começou a refletir, diminuindo a procura nacional e internacional de madeira. Os investidores estão cautelosos e o mercado desaquece. Todo mundo fica em compasso de espera para ver o que vai acontecer”, analisou, em entrevista ao So Notícias. Eduardo disse que as indústrias analisam o cenário econômico e ainda não há comparativo da queda nas vendas nas últimas semanas.
Por outro lado, o sindicato (que reúne madeireiras de 33 cidades no Nortão) avalia que muitas madeireiras conseguiram na Sema planos manejo, no segundo semestre, para extraírem matéria prima. “O número de projetos aprovados ainda não é grande, mas é maior do que períodos anteriores. A Sema conseguiu organizar a gestão de florestas, que comanda a liberação dos planos, e isso fez acelerar o fluxo de documentação dentro da secretaria, permitindo a aprovação de um número maior. Ainda não é o suficiente, mas tem liberado manejos”, disse José Eduardo.
Para o presidente 2008, é considerado um dos piores para o setor de base florestal. Operações Arco de Fogo e Guardiões da Amazônia, burocracia para emissão de notas, elevação dos preços mínimos pelo governo estadual, crise econômica mundial, entre outros entraves fez a classe comparar este período com o de 2005, quando muitas madeireiras foram fechadas pelas consequências da operação Curupira, desencadeada pelo Ibama e Polícia Federal. Eduardo considera que as operações do Ibama, desencadeadas no começo do ano, foram a mola propulsora de uma fase difícil que os madeireiros enfrentam. “A Arco de Fogo começou de uma forma truculenta e aterrorizadora, com Ibama, Polícia Federal e Força Nacional com armas em punho nos pátios das madeireiras. Isso prejudicou demais os planos do setor produtivo, desmotivando muitos empresários”, disse.
Comparado com 2005, considerado como o pior para o ramo, o presidente do sindicato avalia que as dificuldades enfrentadas foram idênticas. “Foi tão difícil quanto. Se não foi pior, também não foi melhor em quase nada para os madeireiros. Os reflexos serão sentidos no ano que vem”, avaliou.