O setor madeireiro do Norte de Mato Grosso acha que a reedição da portaria estabelecendo novas regras para extração de cedro e itaúba, garapeira, jatobá, jequitibá e cerejeira pode trazer resultados negativos para as indústrias, apesar da afirmação da ministra do Meio Ambiente, Izabela Teixeira, alegar equívoco de interpretação de portaria e que não há proibição na extração. O presidente do Sindicato das Indústrias Madeireiras do Norte (Sindusmad), Gleisson Tagliari, expôs que “a portaria não foi revogada, apenas será editada de maneira mais clara. De qualquer forma, para estas espécies, as empresas deverão respeitar 15% de portas sementes (quantidade de árvores que devem ser deixadas em pé), e não mais 10% como antigamente. Haverá uma perda material e financeira de 5%, apesar de não ser tão significativa ou restritiva como se fez entender da primeira publicação”, ressaltou.
A intenção, a partir de agora, é desenvolver estudo técnico-científico provando que as espécies apontadas, não são vulneráveis, com o intuito de reverter a decisão. “A ministra se comprometeu em analisar o documento e, se for comprovado que não há risco, vai revogar a portaria”.
Gleisson ainda ressaltou que a “má interpretação” da portaria, afirmada pela ministra, trouxe perda para o setor de base florestal em quase 20 dias desde a divulgação. “Abalou sensivelmente a estrutura financeira de várias madeireiras. Temos empresas que sequer vão conseguir honrar a folha de pagamento porque os materiais ficaram parados. Com certeza, vamos sentir, já no início desta safra, a falta de quantidade e volume suficiente de madeira para iniciarmos as colheitas das árvores”, afirmou, em entrevista coletiva.
O vice-presidente do sindicato, Fernando Pagliari, evitou apontar culpados pelo equívoco na interpretação da portaria federal e afirmou que a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA) tomou algumas medidas por precaução. “Hoje a gente vê desta forma, mas na hora não entendemos. Então, a portaria estadual foi até por cautela do setor madeireiro. Isso aconteceu no estado do Acre também. Não podemos culpar ninguém, porque temos que nos colocar no lugar do gestor público”, ressaltou.
Nos próximos dias, a nova portaria contendo a regulamentação “de maneira mais clara”, conforme apontou Fernando, deve ser divulgada. “A ministra se comprometeu a deixar bem esclarecido. As alterações, de qualquer forma, se aplicam somente para nos manejos protocolizados a partir daquela portaria. Os que estão em execução não altera nada”.
Também está sendo formado um grupo de trabalho com técnicos, dirigentes de sindicatos, federações que começa fazer levantamentos e análises, a partir de 15 de março, para atuação permanente como forma de definir linhas de sustentabilidade do setor de base florestal.