As linhas de financiamentos oferecidas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não são utilizadas da melhor forma possível pelos clientes mato-grossenses. O banco oferece uma série de modalidades de crédito para serem destinados a vários empreendimentos, com o objetivo de, como o próprio no diz, de promover o desenvolvimento econômico das regiões onde os beneficiados estão localizados.
Apesar da bonita nomenclatura, em Mato Grosso, os financiamentos estão, basicamente, no setor agrícola, mas há outras várias linhas que beneficiam pequenas, micro, médias e grandes empresas, além de cartão de crédito para os clientes, que facilita as transações e oferece limite e taxa de juros atrativos. Para se ter uma idéia, nos primeiros oito meses deste ano, o agente financeiro liberou R$ 316,8 milhões via Financiamento de Máquinas e Equipamentos (Finame) para Mato Grosso, o que corresponde a 22,9% do total de R$ 1,378 bilhão emprestados no período.
Na comparação com o ano passado, houve incremento de 57,8%, já que no mesmo intervalo de 2007 o montante registrado pelo BNDES para esta linha de crédito foi de R$ 200,8 milhões. Na análise do superintendente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt) e representante do agente financeiro no Estado, José Carlos Dorte, o volume total de liberações aos empresários estaduais poderia ser superior ao registrado este ano. Segundo ele, o desempenho mato-grossense não é melhor porque as outras linhas de crédito, a exemplo do Programa de Plantio Comercial e Recuperação de Florestas (Propflora), Programa de Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de Valor à Produção Agropecuária (Prodecoop) e Programa de Apoio ao Fortalecimento da Capacidade de Geração de Emprego e Renda (Progeren), são pouco demandadas no território estadual.
“O BNDES tem vários bancos que servem de intermediários para a liberação dos recursos. Mas acontece que estas instituições financeiras, que são privadas, não querem ter os riscos aumentados quando aprovam a liberação de um empréstimo. Por isso ficam sempre com os mesmos programas, como Finame e Moderinfra, nos quais eles têm mais garantias”, critica Dorte ao analisar que por ser um Estado agrícola, o fomento não deve ficar restrito somente a setor, já que outros segmentos também são desenvolvidos com o crescimento econômico, mesmo que ele tenha origem no setor primário.
O superintendente acrescenta ainda que os recursos do BNDES não são destinados somente aos médios e grandes empresários. Ao contrário do que pensam os pequenos empresários, há dinheiro para todos, basta ter um projeto viável. “Infelizmente, em Mato Grosso há agravantes que emperram a aprovação do projeto, como a regularização fundiária das propriedades que solicitam o dinheiro”.