O óleo diesel vendido em Mato Grosso é o terceiro mais caro do país. O Estado perde apenas para o Acre e Roraima, onde estão os valores mais altos, vendidos nos postos por R$ 2,72 e R$ 2,57, respectivamente. Nas bombas mato-grossenses, o produto é encontrado por até R$ 2,45 (em Alta Floresta). Os preços fazem parte de levantamento feito pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), cujos valores foram extraídos das cidades que comercializam o produto com o preço mais elevado. No Estado, o diesel mais barato está em Santo Antônio do Leverger, R$ 2,21.
O fato de o Estado estar entre as unidades da federação que comercializam o diesel com valor mais alto faz com que o preço do frete seja também um dos maiores. Para se ter uma noção de quanto o combustível pesa na planilha de custos das transportadoras – situação agravada pela distância até os portos, cerca de 2,2 mil km – 50% do valor do frete rodoviário em Mato Grosso é oriundo do combustível.
Aliado a estradas mal conservadas, demora no descarregamento da carga nos portos e também a morosidade na liberação dos caminhões nas barreiras fiscais, as empresas passam por uma situação delicada e até pensam em fechar as portas. Isso porque o investimento no transporte de cargas é alto. O caminhão custa em média R$ 300 mil, mais cerca de R$ 100 mil da carroceria além de outras despesas como seguro do caminhão e da carga, salário do motorista, manutenção dos veículos, entre outras despesas.
No mercado mato-grossense desde 1992, a transportadora Chapada atua fortemente no escoamento de algodão e um pouco de granel. Por conta disso, o sócio-proprietário Helton Paulo Silva, afirma que as despesas são elevadas, já que precisa de monitoramento via satélite, seguro de carga e outros. Por causa do produto, o frete é majorado, mas também tem a influência do valor do óleo diesel. "Dentro do Estado, o combustível representa 50,8% do valor do frete. Já quando o caminhão está passando por Mato Grosso do Sul e São Paulo, este percentual cai para 50,2%", diz ao explicar que a leve redução é motivada pelo valor do produto na bomba nesses Estados, que é mais baixo se comparado aos postos mato-grossenses.
Ele afirma que outros 26% dos custos são para manutenção do veículo, pneus, pedágio, carga, descarga e estacionamento do caminhão, entre outras despesas. Os demais 24% estão relacionados a gastos com impostos, seguro do caminhão e do produto transportado. "De sete anos para cá, o preço do diesel aumentou muito e o valor do frete não cresceu na mesma proporção. A concorrência também puxa os valores para baixo".
Silva exemplifica dizendo que o gasto com óleo diesel de Rondonópolis ao porto de Paranaguá, por exemplo, é de cerca de R$ 2,066 mil. O valor é calculado levando em consideração que o caminhão consume 1 litro a cada 2,3 km percorridos. Como a distância é de 2,2 mil km seriam necessários 956 litros durante o percurso, sendo que o valor é de R$ 2,14/l (preço à transportadora). "Considerando que o diesel é 50% do frete, o valor total para transportar a carga seria de R$ 4,132 mil. O restante seria para o pagamento de motorista, prestação do caminhão e as outras tantas despesas.
Na opinião do diretor-executivo do Sindicato de Transportadoras de Mato Grosso (Sindmat), Gilvando Alves de Lima, uma das alternativas para reduzir o peso do diesel na planilha de custos das empresas seria a redução do valor do combustível. Isso seria possível com uma carga tributária menor, como ocorre em outros Estados, como Goiás, onde a alíquota do Imposto sobre Mercadorias e Serviços (ICMS) é de 12%. Em Mato Grosso, atualmente, ela está em 17%. "O que muitos caminhoneiros têm feito é abastecer em outro Estado, onde o preço é menor", diz ao revelar que nem mesmo a redução de 9,6% ao consumidor, anunciado em junho pelo governo federal, fez com que os valores caíssem. A expectativa era que o valor do litro baixasse R$ 0,04.