A equipe da MT-Fomento fez um levantamento, em Marcelândia, da destruição completa de pelo menos 16 madeireiras no maior incêndio da história do município. Está sendo feito um diagnóstico preciso dos danos patrimoniais, que podem passar de R$ 15 milhões, e o que pode ser feito para viabilizar crédito visando construir barracões e comprar maquinários. “Queremos fazer uma radiografia e o que eles pretendem para recomeçar. É uma ação para trazer uma luz, dar um encaminhamento, um sinal positivo. Percebemos uma reação positiva, otimista, muitos diziam ‘tô limpando meu pátio”, ‘vou construir”, quero reconstruir”, disse o superintendente de Desenvolvimento e Projetos, Luiz Benvenuti.
O empresário Aníbal Marcos, 64 anos, morando há 17 em Marcelândia, decidiu há um ano deixar o ramo da pecuária e investir numa fábrica de portas. Ele conta que viu seu patrimônio se transformar em cinzas, mas em contraste ao cenário sombrio de carros e máquinas queimados, surpreende e mostra muita garra.”Vou voltar a trabalhar, vou voltar a produzir, a vida continua, feliz daquele que tem saúde. Eu consegui isso aqui, Deus me deu força e muita vontade de viver, comecei a trabalhar aos 13 anos, só perco a esperança quando morrer”, disse.
A fábrica do artesão Aniano Aguero, o paraguaio, como é conhecido, foi totalmente destruída e os técnicos da MT Fomento encontraram entre ferros retorcidos de sua máquina de trabalho, o fogão, a geladeira. Paraguaio trabalha com sobras de madeira, e produzia peças de móveis em miniatura, ‘caixinha da vovó”, porta-treco. A pequena fábrica de artesanato trabalhava numa carga que seria enviada para Campo Grande (MS), conta o proprietário mostrando o alcance dos seus produtos.
Com um sorriso, o artesão se mostra confiante. “Eu iniciei do nada, saía na cidade, vendia o que eu fazia. Fui crescendo devagar, consegui crescer, contratar cinco funcionários e pretendia contratar mais agora”, comenta. O prejuízo patrimonial de Aniano está calculado em torno de R$ 155 mil, mas além disso perdeu a casa e até os documentos. “Vou recuperar, se não tiver ajuda levo uns 7, 8 anos para retomar, mas se conseguir eu vou explodir de uma vez, vou crescer como eu queria”, declarou, otimista.
Juliana Blanch, havia reformado a sua serraria e retomava o trabalho quando houve o incêndio. O prejuízo ficou em torno de R$ 500 mil. E há diversos outros empresários com histórias semelhantes e a espera que o poder público e instituições bancárias possam, o quanto antes, viabilizar linhas de créditos, com taxas de juros menores que as praticadas atualmente, para começarem vida nova. O relatório do MT Fomento servirá de base para mostrar as prioridades para os empresários que empregavam mais de 100 pessoas, diretamente, e hoje estão sem empregos.
Empresário Aníbal (à dir.) mostra estragos em sua madeireira