Há várias maneiras de comprar a casa própria, principalmente hoje, com economia estabilizada, juros menores e com as instituições financeiras ampliando linhas de financiamento e até criando novas. Mas, quem for recorrer a qualquer forma de pagamento que não seja à vista, deve tomar cuidado com o negócio que está sendo fechado para não se arrepender depois.
O economista Saulo Gouveia destaca, por exemplo, que no financiamento, se paga praticamente o dobro do que em um consórcio para comprar uma casa de mesmo valor. Por exemplo, uma casa de R$ 100 mil pode ser adquirida por meio de consórcio, pagando-se uma prestação de R$ 695 por período de 180 meses, ou 15 anos. Em um financiamento para o mesmo valor e com o mesmo prazo, a prestação sairia por R$ 1,229 mil, ou seja, 76,83% a mais.
O problema é que o consórcio só é vantajoso para quem é sorteado logo de início ou para quem tem pelo menos 30% do valor da carta de crédito para dar de lance. Com isso, a pessoa compra a casa, sai do aluguel e fica pagando somente a prestação. Segundo Saulo, se o consumidor não tem o valor para lance e correndo o risco de ficar por últimos nos sorteios, é melhor o financiamento, porque já entra na casa e elimina o aluguel. Mas aí vem outro problema. A grande maioria dos financiamentos não abrange 100% do valor do imóvel, então novamente seria preciso a entrada.
De acordo com o economista, vantagem mesmo tem quem é controlado o suficiente para investir o dinheiro e comprar o imóvel pagando à vista. Ele compara que se alguém aplicar em um “bom investimento”, religiosamente, o mesmo valor que pagaria em uma prestação de consórcio, na metade do tempo terá o dinheiro para comprar a casa própria à vista.
O presidente do Sindicato da Habitação em Mato Grosso (Secovi), Abdala Derzi, destaca que independentemente de se escolher financiamento ou consórcio (modelo que tem se expandido bastante recentemente), o importante é prestar atenção nos contratos. Segundo ele, a vantagem de um e de outro é relativa, o que importa é a negociação que se fecha e a necessidade de cada um. De acordo com Derzi, o brasileiro tem um grande defeito que é querer comprar, pura e simplesmente, sem se atentar aos detalhes. “É preciso ver o que vai ser assinado”.