A HPC Blindados anunciou nesta semana um novo tipo de blindagem de carros para a classe média, destinada a moradores de cidades com índice médio de violência, como interior de São Paulo e Nordeste brasileiro.
“Trata-se de um kit de blindagem A-2, que vai sair por R$ 27,5 mil”, diz, acrescentando que o preço facilitará à classe média ter acesso a este tipo de produto de segurança.
A empresa trabalha na reconstrução do Iraque blindando carros usados por autoridades e empresários que estão naquele país.
A nova blindagem protege contra tiros disparados por quase todos tipos de revólveres e pistolas automáticas, com exceção da Magnum 44. “Mas descobrimos que apenas 0,37% dos crimes de arma de fogo são praticados com a Magnum”, afirmou o empresário Maurício Junot De Maria, presidente da HPC.
Na capital paulista, a blindagem usada é normalmente a 3-A, específica para armas de mão e de assalto, como revólveres, pistolas automáticas e Magnum 44, responsáveis por 100% das mortes provocadas por armas de fogo em São Paulo. Este tipo de blindagem sai em torno de R$ 60 mil. Segundo Junot, circulam 1,5 mil veículos com esta blindagem feita por sua empresa, além de outros 700 no Rio de Janeiro.
Iraque
No Iraque, governantes, executivos e militares se deslocam em veículos com a blindagem B-6, um tipo resistente a tiros de grosso calibre, especialmente fuzis de longo alcance, como A-R 15, M-80 e AK-47, usados pelos rebeldes xiitas. No Rio, pelo menos 25 carros circulam com a blindagem B-6, cujo uso só é permitido no Brasil com autorização do Exército.
Tanto em Bagdá como no Rio, a blindagem é feita pela HPC Blindados, que trabalha na reconstrução do Iraque, blindando carros usados por autoridades e empresários que estão naquele país.
Com matriz em Atlanta e filiais no Brasil e Jordânia, a HPC entregou 350 veículos no Iraque desde o início da reconstrução daquele país em 2004. Os carros são montados por brasileiros numa fábrica instalada perto do porto de Amã, na Jordânia, e de lá, são enviados ao Iraque.
No Brasil, os 25 carros foram entregues a alguns presidentes de grandes corporações, milionários e personalidades, que conseguiram aval do Exército e puderam pagar em torno de US$ 70 mil equipar o carro com a mesma blindagem B-6. A blindagem foi instalada pela indústria de São Paulo, onde a HPC também possui fábrica que fornece vidros para todos blindados que a empresa fabrica no mundo.
“Houve um aumento no número de carros que circulam com este tipo de blindagem no Rio. Entregamos apenas 10 em 2006, agora são 25 e este número deve aumentar no ano que vem”, conta o empresário Maurício Junot De Maria, presidente da HPC. “O aumento da procura se dá porque o cidadão busca segurança ao ver que cada vez mais os bandidos usam armas com poder de fogo maior”, diz Junot.
Segundo ele, esse número só não cresceu mais porque o Exército negou diversos pedidos feitos pelos interessados. “O Exército precisa saber quem estará usando este tipo de veículo, se a pessoa necessita mesmo dele ou não. Só depois que o Exército concede a autorização, fazemos a blindagem”, explica.
No Rio há modelos BMW, Passat, Cadilac e Touaregs, dotados com a blindagem, que protege os ocupantes até contra tiros fuzis tipo AR-15 (M-16), M-80 (fal) e AK-47, cujos projeteis variam de calibre de 5,56 x 4,5mm a 7,2 x 5,1mm, e são usados nos morros cariocas.
“Esses veículos receberam vidros de 39mm e um tipo de manta composta por fibras de vidros sintéticas, mais leve e 30 vezes mais resistente que o aço. São as mesmas mantas usadas nos cockpits de aviões espaciais”, diz Junot. Tirando os vidros, todos os outros materiais são importados.
“Me sinto mais seguro, especialmente porque trafego por uma região onde há tiros de fuzis”, contou um executivo de uma multinacional que não quis ser identificado. Segundo ele, a empresa encomendou o novo blindado depois o carro de um colega foi alvejado por tiros de fuzil quando atravessava a linha vermelha.