O Instituto Mato-Grossense da Carne (Imac) está em uma missão pela Europa para apresentar o posicionamento setorial aos representantes públicos dos principais países que compõem o bloco econômico. O objetivo é mostrar os prejuízos que a “Proposta para regulamentação de produtos livres de desflorestamentos” pode trazer para a segurança alimentar global, para a economia brasileira, para o desenvolvimento regional e, sobretudo, para cadeia produtiva da carne, presente em todos os municípios mato-grossenses e composta, em mais de 70%, por produtores rurais de pequeno e médio porte.
Desde o início desta semana, o presidente do Imac, Caio Penido, o diretor técnico operacional, Bruno de Jesus Andrade, e o consultor jurídico Bruno Galvão, participam de reuniões em Bonn, na Alemanha. A partir da próxima semana, juntamente com o secretário de Estado de Desenvolvido Econômico (Sedec), César Miranda, os representantes vão para Bruxelas, na Bélgica, para se reunirem com representantes de países como Holanda, Portugal, Dinamarca, além do Parlamento Europeu.
A preocupação dos representantes do Imac é que tal proposta seja aprovada sem que haja um diálogo com os agentes brasileiros que estão no processo produtivo. Ou ainda, que a proposta de boicote tire do mercado agentes legais, uma vez que as ferramentas para fiscalizar ainda não estão definidas e estruturadas.
O presidente do Imac, Caio Penido, que é produtor rural em Mato Grosso, explica que esta missão concorda com a preocupação europeia em relação ao clima, mas buscará sensibilizá-los a mudarem a sua estratégia de atuação, passando a articular uma política comercial conjunta, mais propositiva, construtiva e inclusiva.
“Tanto o Imac, quanto seus entes parceiros e demais atores de relevância nacional têm atuação de longos anos na produção sustentável da carne no estado do Mato Grosso. Nosso objetivo é apresentar este trabalho e dar início ao diálogo para construir uma pauta conjunta, em busca de remuneração pelos serviços ambientais prestados pela nossa biodiversidade, os Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA), e cooperação técnica e financeira para viabilizar a regularização ambiental das propriedades, estimular a produção sustentável e assim ampliar a participação da carne de Mato Grosso no mercado Europeu sem bloqueios”.
Grande parte dos produtores da Carne de Mato Grosso atua em acordo com a legislação brasileira e, atualmente, 77% das unidades industriais e mais de 90% dos abates em Mato Grosso atendem ao Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) da Carne ou aos critérios do Protocolo de Monitoramento.
Além do TAC, outras iniciativas desenvolvidas por agentes públicos e privados serão apresentadas durante a visita, como o programa Boi na Linha, que visa implementar a rastreabilidade da cadeia produtiva e criar critérios de auditoria e fiscalização. A rastreabilidade é tema principal dos esforços do IMAC e preocupação de toda a cadeia, que envida esforços para ampliar sua abrangência.
São projetos e programas desenvolvidos por entidades como Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Imac e pelas indústrias frigoríficas que têm contribuído tanto para reinserção dos produtores no mercado formal da carne, quanto para ampliar a produtividade, aumentando a produção por área e em menor tempo.
Segundo o Imac, nos últimos anos, a produção de carne em Mato Grosso tem melhorado os índices produtivos e isso tem relação direta com a sustentabilidade ambiental e econômica do negócio. O volume de arrobas produzidas por hectare, por exemplo, quadruplicou. Em 1997, Mato Grosso produzia 1,1 @/ha, ano passado esse volume passou para 4,2 @/ha.
Outro importante dado é a redução da idade de abate dos animais. Em 2011, 5% dos animais abatidos em Mato Grosso tinham até 24 meses, 49% tinham de 24 a 36 meses e 46% tinham mais de 36 meses. Em 2021, essa proporção passou para 37% animais com menos de 24 meses, 42% animais com idade entre 24 e 26 meses e somente 22% do total abatido tinham mais do que 26 meses.
“Tais resultados são frutos de exigências do mercado por um gado mais jovem (China) simultaneamente a investimentos em tecnologia, e têm proporcionado menor pressão sobre os recursos naturais, redução das emissões de gases de efeito estufa por unidade animal, além de melhorar os índices produtivos das propriedades, elevando a rentabilidade da atividade”, diz a entidade.
Com rebanho comercial de 32 milhões de animais, Mato Grosso é o maior produtor e exportador de carne bovina. Em 2021, o estado produziu 1,2 milhão de toneladas, o que representou 16,18% do total produzido no Brasil. Cerca de 30% da produção é enviada para mais de 70 países, o que gerou receita de US$ 1,72 bilhão ano passado. Este ano, até abril, as exportações movimentaram mais de US$ milhões de dólares.