O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) recebe na segunda-feira, em Brasília, o relatório final das ações de fiscalização realizadas pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) que contesta 90% das informações da pesquisa realizada pelo órgão. Foram vistoriados 662 pontos, em 51 municípios. A entrega do relatório será realizada pelo secretário adjunto de Qualidade Ambiental da Sema, Salatiel Alves de Araújo.
O objetivo é que o instituto reveja os dados divulgados em janeiro deste ano e que colocaram Mato Grosso como sendo o estado com o maior índice de desmatamento e foi apontado como principal devastador da floresta Amazônica. Por causa do levantamento, o governo federal proibiu o desmatamento em 19 cidades mato-grossense desde 25 de janeiro de 2008 e ainda determinou o cadastro de todas as propriedades rurais dessas regiões.
Para barrar os crimes ambientais, o Ministério do Meio Ambiente, Ibama e Polícia Federal desencadeiam em Mato Grosso e no Pará a operação Arco de Fogo. Toda a ação foi planejada em tempo recorde, menos de 60 dias. Desde a classificação, o governo estadual contesta as informações. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, chegou a sobrevoar áreas apontadas como desmatadas pela pesquisa, em companhia do governador Blairo Maggi, mas até agora não houve mudança sobre o percentual desmatado. Maggi já anunciou que não entrará em embate com o governo federal, mas cobra a correção das informações.
Os dados levantados apontam que 395 pontos (59,67%) são áreas onde houve desmatamento antigo; 116 pontos (17,52%) correspondem a áreas sem indícios de desmatamento; 84 (12,69%) são áreas com ocorrência de incêndio e somente 67 (10,12%) são áreas realmente abertas recentemente (corte raso). O relatório aponta ainda que grande parte dos pontos elencados pelo Inpe apresentam vestígios de queimada o que reforça a tese de íntima ligação entre a estiagem, as queimadas e os incêndios florestais como fator limitante para a detecção de desmatamentos. Tal informação invalida a possibilidade de usar os dados para cálculo de área, como também invalida a tese de aumento na taxa de desmatamento nos últimos meses de 2007.
A operação, que contou com 48 profissionais entre engenheiros florestais, biólogos, engenheiros sanitaristas, dentre outros segmentos, e consumiu R$ 25 mil com o pagamento de diárias, locação de veículos e combustível. Segundo a Sema, a checagem dos pontos não se restringiu somente a verificação dos pontos como também a procedimentos de fiscalização rotineiros com a emissão de notificações aos proprietários.