As indústrias da madeira e mobiliário de Mato Grosso admitiram 10.693 mil trabalhadores no ano passado. Nesse mesmo período, demitiram 11.254 mil funcionários, resultando num saldo negativo de 561 postos de trabalho no último ano, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Apesar da redução nos empregos no ano passado, o segmento mostra uma ligeira recuperação em comparação com 2012, quando o saldo ficou negativo em 714 vagas. Naquele ano, as demissões somaram 12,102 mil, contra 11,388 mil contratações. Há dez anos, a atividade chegou a admitir 16.063 mil trabalhadores no Estado. Com 15.759 mil desligamentos em 2003, o ano foi encerrado com 304 novas contratações.
Após um período em que diversas indústrias madeireiras deixaram a atividade no Estado, o segmento se esforça para retomar o crescimento, comenta o presidente do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira de Mato Grosso (Cipem), Geraldo Bento. Aos entraves tributários, somam-se outros problemas registrados pelas indústrias, como o elevado número de atestados médicos. No ano passado, algumas empresas contabilizaram 80 atestados médicos num único mês, detalha ele, enfatizando que a maioria desses atestados foram motivados por problemas ocorridos fora do ambiente do trabalho. “Essas faltas contribuem para o aumento do desemprego no setor e não é uma situação enfrentada apenas pelas indústrias de base florestal. Estabelecimentos do comércio, por exemplo, se deparam com o mesmo problema”.
Empresário do setor e presidente do Sindicato das Indústrias Madeireiras e Moveleiras do Noroeste de Mato Grosso (Simno), Roberto Rios, observa que o acúmulo de atestados médicos resulta em perdas para as empresas, comprometendo o processo de produção e o cumprimento de metas. Na base sindical do Simno, uma empresa localizada em Juína registrou em menos de dois meses o recebimento de 58 atestados médicos. Em uma indústria, em Brasnorte, foram contabilizados 44 atestados em 28 dias. Diante dessa situação, entende que o Conselho Regional de Medicina (CRM) precisa monitorar esses procedimentos e orientar a classe médica.
Sobre o assunto, o presidente do CRM em Mato Grosso, Gabriel Felsky dos Anjos esclarece que as empresas podem denunciar ao conselho a emissão de atestados médicos falsos. "Nestes casos, é aberta uma sindicância para apurar a situação". Para ele, o ideal seria que as empresas mantivessem médicos peritos para avaliar as condições laborais dos funcionários e avaliassem as condições de trabalho asseguradas nas dependências das empresas. "O médico assistente normalmente não fala sobre a capacidade laboral e não pode recusar a emissão de atestado médico se o paciente requerer". Ele acrescenta que o CRM desenvolve há dez anos no Estado o programa Aconselhando, por meio do qual são realizadas visitas em municípios do interior com o objetivo de sanar dúvidas sobre ética.
Rotatividade – outro problema é que o elevado índice de rotatividade da força de trabalho pode pesar ainda mais nos custos das empresas, já que o Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat), ligado ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), propõe contribuição adicional de empresas cujo índice de rotatividade de mão-de-obra seja superior ao índice médio do setor. Proposta de regulamentação do parágrafo 4º do artigo 239 da Constituição Federal foi encaminhada à Casa Civil da Presidência da República em dezembro de 2013, conforme expõe a Resolução 724 de 18 de dezembro de 2013.
Nas indústrias ligadas ao setor de base florestal, o projeto Cipem Mais realizado em parceria com o Serviço Social da Indústria (Sesi), contribuiu para a manutenção dos postos de trabalho a partir de 2011, comenta a superintendente de Desenvolvimento Sustentável do Cipem, Sílvia Regina Fernandes. Com a iniciativa, o Cipem levou informações aos empresários referentes às obrigações trabalhistas e segurança do trabalho. Também foram garantidas aos trabalhadores consultas médicas e odontológicas, reduzindo o custo operacional das empresas, completa a superintendente. "O que retém emprego não é só o pagamento dos salários, oferecer benefícios ajuda nesse processo". De acordo com o superintendente do Sesi em Mato Grosso, José Carlos Dorte, o atendimento do Sesi chegou às 8 bases sindicais do Cipem a partir do segundo semestre de 2011. "Conseguimos atender 60% dos 141 municípios e algumas cidades sequer tinham médicos para garantir essa assistência".