O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) aumentou 1,76% em dezembro, contra 0,69% em novembro. O resultado é o maior desde fevereiro de 2005 quanto a alta foi de 2,28%. Em 2007, o índice subiu 7,75%, acima dos 3,83% registrados no ano anterior e a maior alta desde 2004, quando o IGP-M foi de 12,42%. As informações foram divulgadas hoje (27) pela FGV.
O IGP-M é usado para definir o reajuste das tarifas de energia elétrica e de contratos de aluguel. Segundo o coordenador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, Salomão Quadros, a alta registrada neste ano é decorrente das pressões no segmento agropecuário e alimentação. “Quando fazemos a contabilidade desse grupo de produtos eles representam quase dois terços da taxa de inflação”, destaca.
Apesar da subida no índice, Quadros descarta, por enquanto, risco de descontrole da inflação porque os aumentos de preços estão concentrados em determinados produtos. “A inflação seria o aumento generalizado e olhando as estatísticas vemos que alimentação no varejo é mais do dobro do aumento de qualquer outro produto”, explica.
O feijão foi o produto que mais influenciou a taxa no mês, com aumento de 20,32% em novembro para 32,21% em dezembro. No acumulado do ano, o feijão sofreu reajuste de 105,72%.
Segundo a FGV, o Índice de Preços por Atacado (IPA) subiu 2,36%, ante 0,97% registrado no mês anterior. O milho em grão foi um dos produtos que puxaram a elevação do IPA com aumento de 17,43% em dezembro contra 7,10% no mês anterior. A soja também contribuiu com a elevação de 3,77% para 7,25%.
Os dados revelaram ainda que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede o preço dos produtos no momento da compra pelo consumidor, variou 0,67% em dezembro, contra 0,04% em novembro. A principal contribuição para a alta partiu do grupo alimentação (-0,10% para 1,73%), seguido de transportes (0,04% para 0,86%), despesas diversas (-0,08% para 0,74%).
Para Quadros, o fato de as causas da alta do IGP-M estarem concentradas na área agrícola indica que pode haver uma mudança favorável em 2008. “Acredito que os índices da FGV fechem o ano que vem numa taxa significativamente menor. Quem sabe até se reaproximando da taxa de 2006, em torno de 4%”, diz.
O coordenador do Ibre-FGV salientou que boa parte da subida de preços dos alimentos tem origem no mercado externo, como a maior procura dos Estados Unidos por milho para a produção de etanol. “Se o preço do milho responde a isso, o produtor brasileiro tem um estímulo natural a produzir e exportar mais, então o preço do milho no mercado interno também sobe”, explica.
Na avaliação de Quadros, a pressão ocorrida este ano sobre os alimentos não deve se repetir com a mesma intensidade em 2008 por causa da reação dos produtores: “É de esperar que, ao longo de 2008, a oferta de produtos agrícolas no mundo todo possa reagir bastante ao aumento da demanda”.