O frigorífico Independência anunciou ontem o fechamento de sua unidade de abate e desossa em Nova Xavantina (a 680 km de Cuiabá), da unidade de desossa em Presidente Venceslau (SP) e do centro de distribuição em Itupeva (SP). As medidas irão resultar na demissão de aproximadamente 1.400 funcionários e na realocação de alguns trabalhadores em outras unidades. Segundo a empresa, essas providências são necessárias para dar continuidade ao ajuste de suas operações.
“Os fechamentos e as reduções nestas unidades são parte de um programa em andamento de ajuste das operações do Independência à realidade do mercado atual, que foi severamente impactado pela menor demanda internacional, pelo excesso de oferta de carne, tanto no mercado doméstico como nas exportações, e pela queda nos preços de venda da carne, e fez com que as operações apresentassem uma margem bruta negativa de dois dígitos nos últimos meses”, diz o comunicado.
A empresa, que atualmente passa por processo de recuperação judicial, afirma que “se mantém fortemente compromissada em continuar suas atividades e manter suas relações comerciais com seus clientes e fornecedores, à medida que procura adequar suas operações ao ambiente econômico atual”.
Na opinião de Mario Candia, presidente da Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat) o fechamento da unidade, que na verdade significa a demissão dos funcionários que estavam de férias desde que o frigorífico entrou em processo de recuperação judicial, é uma “bola de neve”. “Se continuar assim vamos chegar perto de nove mil demissões em todas as plantas do estado”.
Segundo ele, com este fechamento em Nova Xavantina a região do Araguaia passa a contar apenas com uma planta da Friboi em Barra do Garças. “As paralisações vêm preocupando muito já que em certas regiões os produtores terão que percorrer até 800 quilômetros para levar o gado para o abate. A Acrimat está fazendo um esforço para que na região do Xingu, de Juína e Alta Floresta haja pelo menos uma planta para atender aos produtores. Está havendo uma distância muito grande para o transporte dos animais”.
Candia acrescentou ainda que está buscando com o governo estadual a abertura de linhas de crédito para todas as plantas – inclusive as em recuperação judicial – para que possam remunerar o pecuarista à vista.