O levantamento feito pela Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer) apontou uma realidade preocupante: a alta inadimplência de agricultores que financiaram recursos por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), em diferentes linhas. Em algumas regiões 30% daqueles que obtiveram o empréstimo encontram-se com débitos. O limite tolerável seria de 2%.
De acordo com o gerente da regional Sinop, Carlos Montemezzo, o maior problema está nos municípios de Tapurah, Itanhangá, Ipiranga do Norte. Juntos, conseguiram financiar R$ 5 milhões mas estima-se que 30% das famílias deixaram de honrar os compromissos e a situação têm dificultado a liberação de recursos para outras que estão em dia com os pagamentos. “A maioria dos débitos contraídos está em Itanhangá e Ipiranga do Norte. É preciso haver uma movimentação política junto às agências do Banco do Brasil para que estas carteiras de inadimplência sejam desvinculadas”, descreveu Montemezzo.
Em Sinop e Feliz Natal há 19% de inadimplentes. O volume financiado equivale a R$ 500 mil. Entre Nova Mutum, Santa Rita do Trivelato e Pontal do Marape, 6%. O menor saldo devedor é o de Lucas do Rio Verde, que acumula inadimplência na ordem de 1,5%.
Em toda regional há aproximadamente R$ 4 milhões em projetos (Pronaf, Mais Alimentos) aguardando liberação pelos bancos oficiais do governo. Carlos Montemezzo aponta diferentes fatores para os índices negativos. “Já acendeu a luz vermelha [ sinal de alerta]. Agora devem ser feitas ações políticas, de envolvimento de prefeituras”, acrescentou.
“A maior parte [devedora] é aquela de assentados que pega o recurso e desvia por não ter perfil de agricultor. Falta o Incra fazer uma peneira melhor para tornar uma pessoa assentada. Estamos hoje dentro de um assentamento transformando moradores em agricultores”, critica.
A Empaer já promoveu ações para incentivar o agricultor inadimplente a procurar as instituições bancárias. “Desde que seja renegociada a dívida não caracteriza mais inadimplência”, citou.
A Empaer aponta que mesmo para agricultores familiares a dificuldade na obtenção da Licença Única Ambiental (LAU) também emperra a aquisição de mais recursos. “É impossível demorar anos para sair a LAU”, cita Montemezzo. A reclamação não se estende apenas a agricultura familiar. A empresarial também reclama da morosidade em obter o documento para ter acesso a diferentes linhas de crédito lançadas pelo governo.