A inadimplência dos consumidores encerrou 2007 com aumento de 1,7% em relação a 2006. É o que revela o Indicador Serasa de Inadimplência Pessoa Física, que também aponta alta de 10,2% na inadimplência de consumidores na relação de dezembro de 2007 com dezembro de 2006. Já na variação mensal (dezembro com novembro de 2007) houve queda de 1,5% na inadimplência das pessoas físicas.
O aumento da inadimplência do consumidor brasileiro se agravou no último trimestre de 2007. A expansão do endividamento, com prazos mais longos oferecidos no crédito, facilitou o acúmulo de dívidas por parte de consumidores não organizados financeiramente. Para outros consumidores, o alongamento dos prazos de financiamento aliado à queda das taxas de juros viabilizaram a programação de seus compromissos e isso foi bem refletido pela continuidade da demanda por crédito consignado.
Os fatores que mais contribuíram para atenuar um crescimento maior da inadimplência foram o aumento da massa salarial e do emprego formal (com carteira assinada). Por outro lado, segundo os técnicos, o avanço da inflação, em alguns produtos básicos e administrados, determinou uma menor renda disponível do consumidor para o pagamento de dívidas.
No balanço do ano, a evolução da inadimplência de 1,7% comparada com a do crédito, que até novembro acumulou alta de 31,3% segundo o Banco Central, determina uma relação muito favorável para o crédito. Porém, quando analisada a própria série histórica da inadimplência, este crescimento de 1,7% ocorre sobre bases elevadas. Em 2006 a inadimplência cresceu 10,3% e em 2005, 13,5%. Pode-se afirmar que a inadimplência do consumidor está praticamente estabilizada em patamares elevados, o que também tem sido ponto de resistência à redução maior das taxas de juros pelo mercado.
Dívidas com os bancos lideraram a inadimplência em 2007. As dívidas com os bancos ficaram em primeiro lugar no ranking de representatividade da inadimplência das pessoas físicas em 2007, com uma participação de 40,1%, acima da registrada em 2006, quando teve um peso de 32,5% no indicador. Em segundo lugar, vêm, com participação de 30,2%, as dívidas com cartões e financeiras, que em 2006 representavam 32,8%.
Os cheques sem fundos aparecem em terceiro lugar, com uma representatividade de 27,2% em 2007, abaixo dos 31,8% registrados em 2006. Por fim os protestos, que têm menor peso na inadimplência de pessoa física, apresentaram no ano passado uma participação de 2,6%, e em 2006, 2,9%.
Segundo o Indicador Serasa de Inadimplência Pessoa Física, em 2007, o valor médio das anotações de cheques sem fundos das pessoas físicas foi de R$611,25. Quanto às dívidas com as instituições financeiras, o valor médio dos registros, em 2007, ficou em R$ 1.286,73. As dívidas com cartões de crédito e financeiras registraram valor médio de R$ 364,02 no ano passado e os registros de títulos protestados, no mesmo período, ficaram em R$883,32.
No decorrer de 2007, houve um aumento de 8,1% no valor médio das anotações das dívidas com cartões de crédito e financeiras e de 10,2% no valor médio dos registros de inadimplência das dívidas com os bancos, em relação a 2006. O valor médio dos registros de cheques sem fundos aumentou 4,8% na comparação com 2006, e dos protestos apresentou alta de 11,9% no período.