O Brasil continua dando demonstrações de equilíbrio econômico com sucessivos aumentos na arrecadação de impostos, tanto que amanhã a estimativa do Impostômetro – equipamento montado pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), que contabiliza o total pago de impostos para o Poder Público da União – deve atingir a R$ 800 bilhões. "É muito dinheiro para uma nação que reclama tanto da falta de investimentos em saúde, educação, segurança, saneamento entre outras prioridades", disse o advogado tributarista Darius Canavarros, diretor-geral do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário em Mato Grosso.
Canavarros lembra que o sucessivo crescimento na arrecadação de impostos torna muito improvável que os gestores públicos, principalmente o atual presidente da República e o futuro, seja ele quem for, promova a Reforma Tributária, que na prática representa abrir mão de receita para repartir a mesma com os demais entes federativos, no caso os 27 Estados e os 5,656 mil municípios.
Ele lembrou ainda que no ano de 2009 esta mesma marca foi atingida somente em 8 de outubro, ou seja, 39 dias depois – em se confirmando amanhã – o novo recorde na arrecadação de impostos. "Para se ter uma ideia do diferencial, em 2008 os R$ 800 bilhões foram atingidos dia 07 de outubro, ou seja, um dia antes de 2009.
Para Canavarros, o valor arrecadado é muito alto. "Analisando todo o valor da arrecadação, quem dera se nós tivéssemos esse dinheiro arrecadado, investido e aplicado no nosso país".
O mais importante, segundo ele, é que se presencia a força da economia do PIB brasileiro que é a reunião de todos os recursos de cada um dos cidadãos brasileiros, mas em contrapartida não se vê os serviços públicos melhorando, pelo contrário, diz o diretor-geral do IBPT em Mato Grosso apontando que facilmente a União vai superar os R$ 1,09 trilhão arrecadados em 2009.
O dinheiro recolhido em 2009 seria suficiente para pagar 1,568 bilhão de salários mínimos – atualmente em R$ 510. O Impostômetro calcula em tempo real o valor arrecadado pelos governos federal, estaduais e municipais. A ferramenta registra as arrecadações já acontecidas e faz uma estimativa das arrecadações futuras.
Dias de trabalho – Segundo dados do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, o brasileiro trabalhou 148 dias em 2010 só para pagar seus impostos. Os outros 217 dias do ano ficaram disponíveis para ele gastar consigo ou com a família.
No ranking dos impostos do mundo, o país fica atrás somente da Suécia e da França, onde são necessários 185 e 149 dias trabalhados, respectivamente. Neste ano, a previsão é de que o brasileiro destine 40,54% da sua renda para pagar tributos.
Os impostos incidem sobre os rendimentos (salários) sendo formado, principalmente, pelo Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), pela contribuição previdenciária (INSS, previdências oficiais) e pelas contribuições sindicais.
Além disso, o cidadão paga a tributação sobre o consumo – já inclusa no preço dos produtos e serviços (PIS, COFINS, ICMS, IPI, ISS, etc) e paga também a tributação sobre o patrimônio (IPTU, IPVA, ITCMD, ITBI, ITR). O brasileiro ainda arca com outras tributações, como taxas (limpeza pública, coleta de lixo, emissão de documentos) e contribuições (iluminação pública).