O governo deverá anunciar medidas para incentivar as vendas de carros usados na próxima semana, segundo afirmou o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, no programa Bom Dia Ministro.
Para ele, o momento é de tratar das revendedoras de carros usados, já que a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) impulsionou a venda de carros novos no país. “Temos que cuidar porque são 600 mil empregos diretos e indiretos”, afirmou.
Esse segmento apresentou uma queda nas vendas mais intensa que a ocorrida no segmento de carros novos. Em dezembro, os negócios com veículos usados registraram recuo de 11,02% em relação a dezembro, de acordo com dados da Assovesp (Associação dos Revendedores de Veículos Automotores no Estado de São Paulo).
Crédito para usados
Uma linha de crédito específica para o financiamento de carros usados poderá ser criada em breve pelo Banco do Brasil. Segundo a assessoria de imprensa da instituição, ainda não há detalhes sobre taxas de juros e prazos ou de onde virão os recursos, mas uma das possibilidades é que venha do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).
A decisão sobre o uso do fundo deverá ser tomada pelo Codefat (Conselho Diretivo do FAT), e, segundo a assessoria do Ministério do Trabalho, o órgão só fará a primeira reunião para discutir o assunto em março.
Uma linha de crédito para veículos usados, com recursos do FAT, também foi proposta pela Fenauto (Federação Nacional dos Revendedores de Veículos Automotores), no último dia 21 de janeiro. No total, seriam R$ 2,5 bilhões para estimular a comercialização.
Segundo a entidade, os revendedores contabilizam prejuízos com a perda de 30% do capital desde o mês de setembro do ano passado, em razão da queda significativa dos preços dos veículos usados. Assim que forem definidos pontos técnicos do empréstimo, os recursos serão disponibilizados pelo Banco do Brasil e pelo FAT e devem atender aos lojistas que possuem até 30 veículos para a revenda.
Demissões
Lupi também afirmou que as montadoras estão “pensando duas vezes” antes de realizar demissões, depois de terem sido advertidas em janeiro, por terem dispensado funcionários mesmo recebendo financiamento do governo.
“O dinheiro é público e é de todos. É do empresário, mas também do trabalhador. Não é razoável nem inteligente uma empresa receber dinheiro público para se recuperar, para investir e demitir o trabalhador. Ela está agravando o problema porque, com menos trabalhador, menos salário, menos dinheiro circulando, menor número de pessoas comprando, isso diminui o lucro da empresa. Se ela mantiver o emprego, mantém o poder aquisitivo. É uma questão de racionalidade”, disse.