O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu a ampliação temporária do prazo de pagamento de impostos, atualmente de 30 dias, como medida emergencial para combater a falta de liquidez causada pela crise global.
A declaração foi realizada ao final da manhã desta terça-feira (28), durante o 3º Enai (Encontro da Indústria), no Centro de Eventos e Convenções Brasil 21, em Brasília. A proposta de alongamento do prazo para recolhimento de tributos foi feita inicialmente pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), com o intuito de aumentar o capital de giro das empresas em um momento de restrição do crédito.
Governo age com cautela
“A medida está sendo cogitada pelo governo. Estamos vendo essa questão”, disse Mantega, que, no entanto, afirmou ser preciso, antes, analisar o impacto da iniciativa nas contas públicas, levando em consideração que a possível redução dos lucros das empresas, com a desaceleração da economia brasileira, afetará a arrecadação.
Para ele, o bom desempenho fiscal do governo é um fator favorável à ampliação do prazo. Na opinião do presidente da CNI, Armando Monteiro Neto, dilatar o prazo de pagamento dos impostos ajudaria a melhorar o problema da liquidez imediatamente, ao contrário das medidas adotadas pelo governo de redução dos depósitos compulsórios dos bancos, cujos efeitos na oferta de crédito não foram sentidos.
Segundo ele, as empresas normalmente recebem em 120 dias, mas pagam os impostos em 30 dias. Esse descompasso, em um momento de aperto de liquidez, como o que atravessamos atualmente, acarretará aumento na inadimplência. Por isso, Monteiro Neto defende a dilatação do prazo para 120 dias.