Apesar da preocupação com a crise financeira que atinge o país e já provoca uma estimativa de que 70% dos municípios brasileiros e alguns estados comecem a atrasar a folha de pagamento até o fim do ano, o governador Pedro Taques (PSDB) assegurou que está mantido o compromisso da recomposição salarial dos servidores estaduais em mais 3,11% até o fim do ano, como foi acordado em maio.
“Acho que vai ser possível cumprir sim o reajuste, nós temos um compromisso com os servidores”, disse. A recomposição anunciada em maio, de 3,11% ficou abaixo das expectativas dos funcionários públicos, que esperavam um reajuste que acompanhasse o índice de correção inflacionária de 2014, que ficou em 6,23%.Na época, o governo justificou que os percentuais de reajuste foram pensados de acordo com a capacidade de custeio e a previsão da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que estabelece o limite legal de 49% da receita para gastos com pagamento de pessoal.
Taques ressalta que é muito importante lembrar isso nesse momento a fim de que se possa comparar Mato Grosso com outros estados, a exemplo do Rio Grande do Sul, onde os atrasos salariais levaram várias categorias a deflagrar greve. “Vocês estão acompanhando o que está ocorrendo em outros estados em razão da falta de dinheiro, salários atrasados e aqui, como nós fizemos o Decreto 02, cortamos gastos, repactuamos contratos, estamos tendo dinheiro para pagar servidores”, explicou o governador.
A expectativa é de que o novo reajuste seja concedido em novembro. Representante do Rio Grande do Sul, estado que mais tem sofrido com os efeitos da crise, principalmente em relação à falta de repasses por parte do governo federal, como no caso do Auxílio Financeiro para Fomento das Exportações (FEX), as ações adotadas em meio à crise econômica chamaram a atenção da senadora Ana Amélia (PP-RS).
Em discurso na tribuna do Senado, ontem à tarde, ela, que esteve em Cuiabá no último sábado (29), afirmou que o governador de Mato Grosso vem fazendo um trabalho exemplar. “Ele criou uma secretaria de transparência e controle da corrupção. Reduziu de 24 para apenas 10 secretarias e todas elas são profissionalizadas, não têm indicação partidária. Mais ainda, ele cortou em 35% os gastos dos contratos, todos que o Estado tem, e não deixou de pagar”, ressaltou a parlamentar.
Ela fez questão de prestigiar o ato de filiação de Taques ao PSDB, onde também destacou que o chefe do Executivo tem conseguido manter os pagamentos em dia sem que, para isso, tivesse que promover qualquer aumento de imposto. “Então, ele está pagando os servidores, mas está dando uma demonstração de grande habilidade”, ressaltou a senadora, na tribuna.
Principal estado produtor do país, Mato Grosso possui um cenário econômico que lhe garante mais gás para sobreviver à crise econômica em função da quantidade de exportações praticadas. Mesmo assim, Taques, que salienta que herdou o Estado em situação complicada, sempre destacou que as medidas de austeridade implantadas desde o primeiro dia de sua gestão foram fundamentais para permitir que Mato Grosso chegasse a este ponto com certa tranquilidade.