Em um contexto de crise econômica nacional, o governo vem adotando medidas para que o desenvolvimento social do Estado não seja afetado. Uma dessas soluções pode ser a parceria com institutos, fundações e empresas, por meio do investimento social privado, que contabilizado chega a R$ 3 bilhões anuais.
Ontem, o Palácio Paiaguás foi palco do I Encontro de Investimento Social Privado, inédito no país, que reuniu lideranças do setor. A iniciativa é uma parceria entre a Secretaria de Estado de Educação, Esporte e Lazer (Seduc-MT), o Núcleo de Ações Voluntárias (NAV) e a MT Participações e Projetos (MT Par), que também recebe o apoio institucional do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE) e do Grupo Tellus.
O evento foi dividido em dois momentos. No primeiro, o governador do Estado, Pedro Taques, recebeu os representantes das empresas convidadas para um café da manhã. A programação teve continuidade com a apresentação dos projetos das pastas de Saúde, Educação, Trabalho e Assistência Social e Cultura, além de um painel de debate que contou com a participação dos investidores.
Taques lembrou que o evento também é uma oportunidade de superar as diferenças entre os setores público e privado, tendo como foco o interesse social. Por isso, o envolvimento de todo o Governo e dos investidores foi elogiado pelo chefe do Executivo. “Este movimento não é do Governo do Estado, este movimento é da sociedade mato-grossense e essas instituições todas têm um único objetivo: cuidar de gente”.
O investimento social privado é um campo relativamente novo no país, tendo ganhado destaque nos últimos 15 anos. Mesmo em tempo de crise, o setor manteve o investimento anual de R$ 3 bilhões, além de ser responsável por 5% dos empregos formais do país. Diferente das parcerias público-privadas, que recebem a contrapartida do Estado, o investimento social privado é um repasse voluntário em benefício de projetos de interesse público.
Estes projetos foram apresentados durante o encontro, entre eles, o Programa Pró-Escola, que visa transformar a educação pública de Mato Grosso com base em três eixos de atuação: Ensino, Estrutura e Inovação. Para o titular da Seduc, Marco Marrafon, a apresentação deste e de outros projetos é um passo importante, principalmente para a melhoria da educação.
“A educação pública de qualidade trabalha com recursos públicos, mas também com interesses públicos fundamentais que precisam de investimento e a sociedade tem que assumir a sua responsabilidade nestes investimentos”, pontuou Marrafon.
Os secretários de Estado de Saúde, João Batista Pereira da Silva; de Trabalho e Assistência Social, Valdiney de Arruda; e de Cultura, Leandro Carvalho, também apresentaram projetos durante o evento. O titular da Secretaria de Estado de Cultura (SEC-MT) deu destaque para três ações apresentadas aos investidores: o projeto de implantação e fortalecimento do sistema de bibliotecas no estado, o programa Mato Grosso Criativo e o programa de música nas escolas.
“Todos são construídos de forma colaborativa e apresentam um leque muito amplo de possibilidades de investimento. A gente sabe que cada empresa investidora tem um perfil diferente, então é importante que a gente apresente as nossas necessidades de uma forma bem organizada e que eles saibam que nós estamos preparados para trabalhar”, explicou Leandro Carvalho.
A entidade-chave para a mobilização dos investidores sociais que compareceram ao evento foi o GIFE, organização sem fins lucrativos criada em 1995 e referência nacional em investimento social privado. Atualmente, o GIFE conta com 129 associados, entre eles a empresa mato-grossense Amaggi. Na opinião do secretário-geral do GIFE, André Desenszajn, foi importante a iniciativa pioneira do Governo de Mato Grosso em dialogar com os investidores sociais.
“A gente vê essa iniciativa do Governo do Estado de Mato Grosso de forma muito positiva. Estamos justamente em um momento em que é preciso aproveitar ao máximo o potencial dessas parcerias, pensar como a sociedade se organiza, contribuindo para as políticas públicas em um momento de crise econômica e de crise fiscal”, destacou o representante do GIFE.