O produtor mato-grossense tem no transporte da safra a maior despesa do custo de produção. As despesas com frete somam 47% do custo, que são acrescidas ao preço também elevado dos insumos e valorização do real frente ao dólar. O produtor sorrisense e vice-presidente da Associação de Produtores de Soja do Estado (Aprosoja), Nadir Sucolotti, afirma que o produtor “só está vivo porque o governo implementou os prêmios e o preço do produto no mercado internacional está bom”.
As soluções para a questão do transporte que poderiam mudar a situação rapidamente estão emperradas. Uma delas é a hidrovia Paraná-Paraguai que está trancada por ação na Justiça. Outra é a recuperação e asfaltamento das rodovias que servem de corredor de exportação. Elas estão contempladas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal, mas a União não está liberando ordem de serviço. Outro problema apontado por ele é em relação à ferrovia.
Sucolotti ressaltou que este modal de transporte deveria baratear o custo em 40% em relação à rodovia, mas isso não acontece. “Se o governo não colocar um marco regulatório para as concessionárias ferroviárias nós estamos perdidos. No Estado não há benefícios porque o frete cobrado nesse modal é alto para levar a soja ao Porto de Santos”, disse para A Gazeta.
O custo do transporte da soja de Sorriso, segundo uma pesquisa da Aprosoja, chega a consumir 61% da renda bruta do produtor. Essa conta é feita com a tonelada a US$ 300, o total do transporte saindo por US$ 183,25 e restando ao produtor US$ 116,75. O percentual cai para 29% no Centro-Norte do Paraná, 25% na Argentina e 24% no Estado de Iowa, nos Estados Unidos. Conforme os dados da Aprosoja, o frete de caminhão no Estado custa US$ 97, ao passo que o Paraná paga US$ 23, Argentina US$ 13 e Estados Unidos US$ 8. No total do transporte, enquanto o produtor de Sorriso desembolsa US$ 183,25, o do Paraná paga US$ 87,88, o da Argentina US$ 75,63 e dos Estados Unidos, US$ 71,25.