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Falta de assistência técnica e crédito travam produção de orgânicos em MT

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Crescimento na produção de orgânicos em Mato Grosso esbarra na falta de assistência técnica e baixa oferta de crédito por parte dos bancos oficiais. Mesmo ganhando destaque em nível nacional, o consumo de orgânicos no Estado é pequeno e não chega a 10% das vendas. O alto custo na produção é um dos entraves enfrentados pelos agricultores devido aos métodos necessários, mão de obra especializada, manuseio após a colheita e produtividade menor em relação à agricultura convencional.

Para ser classificado como produto orgânico é preciso que o alimento ou bebida seja produzido sem agrotóxicos e cultivado com manejo sustentável respeitando o ecossistema local. No Estado, os municípios produtores de orgânicos são Alta Floresta, Matupá, Poconé, Campo Verde, Tangará da Serra, São José dos Quatro Marcos, Mirassol D”Oeste e Chapada dos Guimarães. Entre os produtos comercializados estão condimentos, frutas, verduras, legumes, hortaliças, flores, café e até mesmo leite e carne.

Produtor na região de Chapada Dos Guimarães, Marcos Sguarezi produz orgânicos há 18 anos. Atualmente trabalha com 42 produtos numa área de 5 hectares. “Precisamos alternar entre várias culturas já que a produção é pequena, além de ser necessário um manejo maior, antes e depois da colheita”. Entre os produtos que vende, Sguarezi cita o alface, alecrim e flores.

Ele, que há pouco mais de 15 anos fornece orgânicos para uma rede de supermercados presente em Cuiabá e Várzea Grande, comenta sobre a falta de incentivo do governo com este segmento da agricultura. “Não tenho conhecimento de nenhuma linha de crédito específica para produzir orgânicos. É necessário termos isso já que ao contrário do que muitos pensam nossa mão de obra é maior mesmo não utilizando fertilizantes”.

O produtor ressalta que com maior atenção do governo a agricultura orgânica pode gerar mais emprego e renda para as regiões produtoras do Estado. “Trabalho com 4 pessoas e já fizemos até vendas para fora de Mato Grosso. Acho necessário que o governo tenha um olhar melhor para esse mercado. Dessa forma estariam também contribuindo com a saúde de todos já que produtos sem fertilizantes são mais saudáveis”.

Extensionista Rural da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural de Mato Grosso
(Empaer/MT) no município de Chapada dos Guimarães, Reginaldo Bosco Gomes, comenta que falta um incentivo para a produção em Mato Grosso, já que existem trabalhos sendo iniciados na Baixada Cuiabana, porém sem as informações técnicas necessárias. “Realmente no início da produção o custo é maior porque tudo deve estar de acordo com o que prevê o sistema, mas com o passar do tempo é possível uma estabilização nos valores”.

De acordo com informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) foram criadas estratégias para a produção orgânica, entre elas as linhas de crédito de investimento pelo Programa Agricultura de Baixa
Emissão de Carbono (ABC), que na safra 2013/2014 terá R$ 4,5 bilhões em recursos para financiamentos, com taxas de juros de 5% ao ano. O Banco do Brasil também possui linha de crédito de investimento do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) destinada a agricultores familiares interessados na produção de alimentos orgânicos.

Para o custeio da lavoura o produtor pode acessar até R$ 100 mil por safra com taxas de juros de 1,5% ao ano (projetos de até R$ 10 mil) e 3% ao ano para projetos entre R$ 10 mil e R$ 30 mil com prazo de até 2 anos para pagar, de acordo com o ciclo da atividade financiada.

Segundo estimativas do Instituto de Promoção do Desenvolvimento (IPD), responsável pelo Projeto Organics Brasil, no último ano o mercado nacional de orgânicos faturou R$ 1,5 bilhão. Expectativa para 2014 é atingir R$ 2 bilhões. Do faturamento registrado em 2012, um terço do valor é representado pelas exportações brasileiras no período. A Feira Internacional de Produtos Orgânicos e Agroecologia (BioBrazil Fair) deve contribuir para o desenvolvimento do setor nos próximos anos no Brasil, já que em parceria com a NürnbergMesse empresa alemã a BioBrazil Fair passa a integrar o calendário internacional de feiras dedicadas aos orgânicos, ampliando assim as oportunidades de negócio dos expositores brasileiros com compradores do mundo todo.

Visando o crescimento do mercado de orgânicos no país, o Mapa recebeu recentemente representantes da União Europeia para discutir acordo sobre a comercialização de produtos. Foi realizado um estudo comparativo entre os regulamentos das partes e apresentada a estrutura do processo de equivalência que é utilizada pela União Europeia. O procedimento deve garantir vantagens comerciais para produtores do Brasil e da Europa, pela redução dos custos e da burocracia para a comercialização internacional de produtos orgânicos, com a simplificação do processo de certificação desses produtos para a exportação entre os países. Entre os interesses de produtos orgânicos brasileiros pela UE estão o cacau, café, chá e frutas. Em contrapartida, o bloco europeu tem sido fornecedor de vinhos, derivados de leite e azeite orgânicos, entre outros.

Uma linha de fertilizantes, com sede em Mato Grosso, traz produtos bioativos, com conteúdo mineral associado à matéria orgânica. Sendo apropriado para todos os tipos de cultura é o único fertilizante permitido para a produção de orgânicos por não conter nenhum produto químico. Natia Ortega é proprietária da empresa e garante que é a única no país a produzir fertilizantes bioativos. “Nossa produção atualmente chega a 5 mil toneladas ao mês, mas temos capacidade para até 50 mil/t, porém, com a baixa de procura por parte dos consumidores ainda produzimos em pequena escala”.

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