O novo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística aponta que a produção de tora em Mato Grosso atingiu, ano passado, cerca de 2,1 milhões de metros cúbicos, redução de aproximadamente 45 % ante 2009, quando foram contabilizados 3,9 milhões. Para este ano, o setor prevê mais queda no comparativo, consequência do excesso da burocracia para o desempenho da atividade. As toras são matérias primas para as madeireiras produzirem compensados e madeira industrializada para fabricação de móveis, janelas, portas, dentro outros.
“Acredito que haverá mais redução referenteo ao período 2010 e 2011 porque além da burocracia para aprovação dos projetos de manejo, ocorreu a greve na Sema [Secretaria Estadual de Meio Ambiente], troca de secretários, operação no início do ano, tudo isso faz o setor parar”, disse, ao Só Notícias, o presidente do Sindicato das Indústrias Madeireiras do Norte de Mato Grosso (Sindusmad), José Eduardo Pinto.
Os percalços ocorridos na secretaria resultaram em conseqüências que serão percebidas pelo setor madeireiro até o próximo ano. “Dá reflexo anual. A greve ocorreu no pior momento para nosso segmento que foi o início da seca. Com isso atrasou a aprovação dos projetos, muitos deles não foram aprovados, então não se formou estoques reguladores e há empresários que vão sofrer até o início de abril. É reflexo do engessamento do sistema. Faltam pessoas, estrutura”, enfatizou.
A greve dos servidores da Sema teve mais de 40 dias de duração. No auge, em julho, o setor madeireiro expôs que a situação teria causado a demissão de aproximadamente 2 mil funcionários em todo o Estado, além de reduzir as atividades entre 50 a 60% da capacidade. Ao término da mobilização, a pasta montou uma “força tarefa” para agilizar as autorização dos projetos. Na regional de Sinop, composta por 13 cidades, a expectativa era que pelo menos 100 procedimentos fossem liberados, no entanto, foi cumprido apenas a metade.
A nível nacional, a produção de tora caiu 17% entre os anos, passando de 15,2 milhões de metros cúbicos para 12,6 milhões, também em decorrência a intensa fiscalização desenvolvida em relação ao setor, conforme revela o estudo do IBGE. O Pará é destacado como principal Estado produtor, registrando a participação com 5,7 milhões de metros cúbicos.