Mato Grosso continua gerando expressivo superávit na balança comercial. Em agosto, o saldo foi de US$ 2,7 bilhões, valor 7% superior ao do mesmo período do ano passado, que foi de US$ 2,5 bilhões. As exportações, que somam US$ 2,95 bilhões em 2006 foram superiores em 5% em relação a 2005, que foi de US$ 2,81 bilhões, no acumulado de janeiro a agosto. “Apesar da comparação positiva, estes dados confirmam índices de desempenho menores em relação aos anos anteriores”, informa o técnico do centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Fiemt), Emerson Moura.
Em agosto, as exportações mensais retomaram a média do ano passado, totalizando US$ 470,30 milhões, contra US$ 447,5 milhões do mesmo mês do ano passado, um aumento de 5%. “No tocante as perdas cambiais pela valorização do real frente ao dólar e comparando agosto deste ano com agosto do ano passado, o valor das exportações em nossa moeda seriam de R$ 6,64 bilhões com o dólar de agosto de 2005 e, no entanto, são de apenas R$ 6,34 bilhões em 2006. Uma perda de R$ 300 milhões, devido à cotação média do dólar, representando uma queda de 8,9% no período”, analisa o consultor econômico da Fiemt, Carlos Vitor Timo.
Mato Grosso continua na 10º posição no ranking das exportações dos Estados, porém, mostra uma significativa queda no crescimento. “No mesmo período de 2005 o crescimento foi de 35%, um crescimento bem acima da média nacional”, destaca Émerson. A região centro-oeste representa 5,81% do montante exportado pelo Brasil. Mato Grosso representa 57%, seguido por Goiás com 29%, Mato Grosso do Sul com 12% e Distrito federal com 0,89%.
As exportações do complexo soja totalizam até agosto US$ 2,3 bilhões registrando queda de 1% em relação ao mesmo período do ano passado. O valor total exportado de soja-grão em 2006 é de US$ 1,74 bilhão contra US$ 1,54 bilhão em 2005. As vendas de soja-grão representam 76% do valor exportado do complexo soja e continuam sendo 60% das exportações estaduais. O farelo e o óleo de soja continuam registrando forte queda em volume e em faturamento, ocasionando o fraco desempenho das vendas neste ano.
“A queda de 1% no valor total exportado em dólar do complexo soja, transforma-se em redução ainda maior de 9% na conversão para reais por conta da defasagem cambial. A cotação do dólar em julho de 2005 era de R$ 2,36 passando para R$ 2,15 em julho de 2006 que representa variação negativa de 8,9% no período”, explica o consultor econômico da Fiemt.
De acordo com Timo, a defasagem gera perdas cambiais se considerar o valor exportado em dólares até agosto deste ano e multiplicar pelo dólar de agosto de 2005. “Desta forma, teríamos R$ 5,40 bilhões e não R$ 4,94 bilhões, o que representa então R$ 460 milhões a menos de faturamento nominal, em relação ao ano passado”.
MADEIRA – Houve expressiva queda de 13% no valor exportado total da madeira, bem como em todos os produtos considerados – serrada e perfilada/compensada –, com índices percentuais ainda maiores, mesmo registrando-se aumentos de preços internacionais. “Tais resultados continuam refletindo as dificuldades operacionais que a indústria madeireira vem enfrentando no Estado desde 2005 e que precisam ser superados, pela importância do setor para a economia estadual. A realização da Feira Promadeira em Sinop, recentemente, é uma prova disto”, ressalta o presidente da Fiemt.
CARNE – As exportações totais de carnes até agosto deste ano totalizam US$ 333 milhões com crescimento de 81% em valor, comparado ao mesmo período do ano passado. Isto se deve às vendas externas de carne bovina, que foram de US$ 293 milhões, ou seja, 88% do total exportado de carnes no acumulado de janeiro a agosto deste ano. “Este aumento ainda é reflexo dos focos de febre aftosa nos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul. Alem da abertura de novos mercados principalmente no Oriente Médio”, revela o técnico do CIN.
No caso do milho, houve expressivas quedas nas vendas em valor e em volume, mesmo com o aumento de 22% nos preços internacionais verificado no período analisado. O algodão também sofreu quedas nas vendas em valor e volume e apresentou um aumento de preço de 6% no período. No caso do açúcar e do couro, o desempenho das vendas externas foi bem melhor, registrando aumentos substanciais de valor e volume físico exportado, especialmente para o couro.
“Se os aumentos de preços internacionais persistirem nos próximos meses para estes produtos, podem ser um alento para a superação da crise do agro negócio estadual, podendo estimular o crescimento das vendas externas de forma mais vigorosa”, destaca Pasini.
IMPORTAÇÕES – As importações acumuladas de US$ 247,82 milhões até agosto contra US$ 291,29 milhões do ano passado mostram queda de 15% no mesmo período. “Se de um lado isto contribui para o aumento do superávit, por outro lado é também um indicador da crise do agronegócio. Os insumos agropecuários é o item mais importante das importações estaduais e registrou queda de 18% no período”, explica o presidente da Fiemt, Nereu Pasini. Além dos insumos agropecuários, o gás natural boliviano, registrou queda de 23% em relação a 2005, em função de questões políticas e técnicas com o abastecimento da Usina Termoelétrica de Cuiabá, comprometendo a oferta energética do Estado.