Expectativa de consumo em Mato Grosso para 2013 é de R$ 48,445 bilhões, 11,8% a mais se comparado ao ano anterior, quando a população estadual gastou R$ 43,310 bilhões em produtos e serviços. No cenário nacional, o crescimento foi de 10,1%, subindo de R$ 2,724 trilhões em 2012, para R$ 3,001 trilhões este ano. Os dados constam na pesquisa nacional IPC Maps 2013, divulgada nesta terça-feira (30), que detalha quais são os "investimentos" da população.
Para o economista Ernani Lúcio Pinto de Souza os números apresentados pelo estudo demonstram o crescimento do mercado tanto nacional quanto estadual. Explica que como Mato Grosso tem uma taxa média de crescimento superior à do Brasil, isso reflete na expectativa do consumo local. Ele aponta ainda que a situação é reflexo da economia estável, associada ao nível de renda crescente da população.
Diretor da Faculdade de Economia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Benedito Dias Pereira, complementa que Mato Grosso vive um quadro de crescimento populacional e migratório, além de passar por um processo diminuição do desemprego e mudança, para melhor, das atividades desenvolvidas pelos trabalhadores. "Essa massa salarial é canalizada para o consumo, demonstrando que o crescimento tem essa finalidade". O comportamento consumista é identficado pela pesquisa com maior intensidade nas classes econômicas B1 e B2, que tem renda média familiar de R$ 7,4 mil e R$ 3,7 mil, respectivamente. O primeiro grupo é responsável por 23,1% do consumo estadual, enquanto a segunda classe representa 27,2% dos gastos. A classe A1, com rendimento mensal de R$ 20,957 mil representa apenas 3,4% do total, enquanto a A2 (R$ 12,708 mil), 14,3%.
Pereira explica que o comportamento das pessoas que compõem as classes B1 e B2 é reflexo da necessidade de experimentar, conhecer o novo e satisfazer o emocional por meio de aquisições. "Uma forma de resolver essas questões de curiosidade e até mesmo emocional é destinando a maior parte dos rendimentos ao consumo". O mesmo não ocorrecomasclasses,que vêm d eum conceito diferenciado. "Eles já sabem o que é ter, faz parte da realidade deles. E o foco central não é para o consumo e sim para a poupança".
Gastos – A principal destinação do dinheiro da população, de acordo com o IPC Maps, é com a manutenção do lar. No Estado serão destinados R$ 11,515 bilhões e os dados mostram que o segmento é prioritário em todas as classes sociais. Na sequência estão o consumo com alimentação em casa (R$ 4,343 bilhões), material de construção (R$ 3,265 bilhões) e com veículo próprio (R$ 2,6 bilhões).
Auditor e gerente administrativo, Carlos Alberto Gonçalves, 43, conhece de perto esta realidade. Casado e pai de 3 filhos, ele faz parte da classe A1 e, assim como os demais dessa faixa de renda, investe boa parte do salário nas despesas da casa. "Mais da metade do salário vai para a manutenção da casa, plano de saúde e educação. Eu estudei em escola pública, mas hoje se quiser dar uma boa educação ao filho tem que ser em colégio particular. Se quiser saúde, tem que ter um plano para esta finalidade".
Pereira destaca que é natural que a maior parte do salário seja destinado aos produtos de primeira necessidade. Suprida esta parte, o restante do consumo é focado em bens supérfluos ou considerados menos essenciais, como como entretenimento, viagens, e investimento em um veículo mais luxuoso.