A salada está chegando mais cara à mesa dos mato-grossenses. Com as chuvas, frutas, verduras e legumes são danificadas, diminuindo a oferta
de produtos e consequentemente aumentando os preços. Alface, por exemplo, que para o vendedor custava cerca de R$ 8 a dúzia, atualmente é encontrado por R$ 12. Na ponta, o consumidor está comprando a unidade por até R$ 3.
Prejuízos causados pela água em excesso atinge todos, do produtor ao consumidor. Há duas semanas, por exemplo, Cláudio Batista Araújo, 43 anos, produtor da região de Santo Antônio da Fartura, perdeu 70% da produção. Ele costuma vender R$ 500 por semana e devido ao estrago está com as contas atrasadas. "Não tem o que fazer. Todo ano é assim, temos que aumentar o preço e amargar as perdas. Este ano, por exemplo, o brócolis já chegou a R$ 24".
Clemência Maria dos Santos, 56 anos, vende sua produção três vezes por semana na capital e explica que a qualidade das verduras diminui nesta época e os revendedores reclamam. Segundo ela, com preço mais alto e pior qualidade, a tendência é de queda nas vendas também. "Eles reclamam porque querem oferecer aos clientes por um preço mais baixo para vender mais, mas não tem como. Aí quando chega no supermercado está caro".
Instalador de antenas, Wesley da Silva Pires, 25 anos, conta que a cada 15 dias vai até a feira para comprar frutas e verduras, e que desde o começo do mês aumentou consideravelmente os custos. "Antes eu vinha e gastava cerca de R$ 40, agora não pago menos do R$ 70 cada vez que venho comprar verduras".
Proprietária de uma banca na feira do Porto, na capital, Arenil Viegas, 49 anos, revela que as vendas caíram muito e que alguns produtos estão em falta. Ela conta que a chuva não permite que os vegetais se desenvolvam e também estragam a folhagem, como é o caso da alface lisa, que como explica, não tem nesta época do ano. "O movimento melhora no fim de semana. Mas no dia a dia as vendas caíram muito".
Aline Arakaki, 30 anos, possui uma distribuidora de frutas e explica que com o clima mais fresco as pessoas consomem menos frutas, o que reflete em menor fluxo de caixa. Ela conta que melancia e laranja geralmente têm uma queda acentuada nesta época do ano. "No calor a saída é bem maior. Os consumidores fazem suco, comem mais". Devido a menor demanda, mesmo com a produção em baixa ela conta que os preços estão sendo mantidos. Entre as frutas, o abacaxi e a melancia começam a ficar mais caros.
Danilo Rodrigues, 30 anos, dono de uma frutaria no centro de abastecimento da capital, conta que a melancia estava custando 45 centavos e passou para 60 centavos. O abacaxi quase dobrou de preço, passando de R$ 1,50 para R$ 2,50. Como explica, não tem produto para abastecer a todos e com isso os preços aumentam. Vendedora Silvana Alves, 39 anos, explica que a banana não é produzida quando chove e por isso o preço aumenta. Na banca dela, por enquanto, o valor está 30% mais caro.
Não é só dos preços que os consumidores reclamam, há também as queixas contra a durabilidade da verdura. Nivaldo Sartorello, 54 anos, conta que é preciso fazer compras toda semana para não correr o risco do produto estragar. "Estou comprando menos e gastando mais. Se comprasse o que costumávamos comprar antes com certeza iria perder muita coisa. As verduras ficam, além de feias, mais sensíveis".
Nos supermercados os preços de alguns legumes estão assustando quando colocados na balança. Gerente de perecíveis da uma rede de supermercados, Valter Yamagushi, explica que no período chuvoso a alta é inevitável. Como conta, grande parte dos produtos é importada de outras regiões, como do Sul e Sudeste do país. "Nestes locais a chuva é intensa e constante, atrapalhando tanto no amadurecimento quanto na colheita das verduras e frutas". Ele explica que o tomate, por exemplo, não é retirado no ponto pela falta de sol e por isso chega às lojas ainda verdes. Com a batata, que é uma raiz, o que atrapalha é o excesso de água no solo. "Fica difícil achar o momento de retirar. Por isso, quando sai da terra, já tem um tempo menor de durabilidade".
Mas tem aqueles produto que acabam ficando mais barato justamente por causa da chuva, como é o caso da mandioca. O produtor Gilson de Assis, 38 anos, explica que a leguminosa fica melhor com a água e que a produção aumenta. Por dia ele comercializa no centro de distribuição 40 sacos com 55 quilos cada. O revendedor de verduras no Mercado do Porto, Niliomarque Corrêa, 27 anos, discorda do produtor e afirma que a mandioca nunca esteve tão cara. Como explica, ano passado era possível comprar o saco por R$ 25 e que hoje ele está pagando R$ 100. Resultado disso é que o quilo para o consumidor saltou de R$ 2 para R$ 3.
Representante comercial Gilson Prado, 46 anos, explica que o jeito é diminuir o consumo. Ele conta que está tudo mais caro, frutas, verduras e legumes. "Não tem como comprar na mesma proporção de antes, o preço está muito alto".
Para o produtor de Jangada, Antônio Corrêa, 53 anos, a chuva não tem atrapalhado porque não estão intensas. Segundo conta, na região onde produz não chove tanto e por isso não prejudica. "Não estou tendo problema. Meus produtos estão com o mesmo preço do período da seca", revela o pequeno agricultor de jiló, maxixe, pepino e quiabo.