Depois de encerrar 2008 com incremento de 88,9% no volume liberado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Mato Grosso registra recuo nos desembolsos. No primeiro bimestre deste ano foram emprestados aos setores agropecuário, industrial, de infraestrutura, comércio e serviços, um total de R$ 398,7 milhões contra R$ 456,2 milhões no mesmo período de 2008, o que representa uma queda de 12,6%. A redução já vinha sendo prevista por empresários e economistas desde o final do ano passado é motivada pela escassez de crédito no sistema financeiro internacional.
A baixa no valor deste ano foi puxada pelo setor agropecuário que teve uma retração de 32,7%. No primeiro bimestre de 2008 foram emprestados R$ 129,6 milhões e este ano caiu para R$ 87,1 milhões. O consultor da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Luciano Gonçalves, confirma que o motivo da retração é a falta de crédito disponível no mercado e argumenta que o recuo ainda persistirá se o governo não tomar medidas que auxiliem e facilitem na hora de tomar os empréstimos.
“Nem mesmo a criação de uma linha de crédito especial pelo governo fará com que os empréstimos cresçam. Isso porque as taxas de juros estão altas e o prazo para pagamento é curto”, diz ao acrescentar que os recursos serão repassados via BNDES aos interessados.
Outro segmento que registrou queda no volume liberado no primeiro bimestre foi o industrial. Este ano foram registrados R$ 184,1 milhões em empréstimos, 10,8% a menos que o totalizado no mesmo período do ano passado, que somou R$ 206,4 milhões. O setor de infraestrutura teve alta de 2,1%, passando de R$ 112,8 milhões para R$ 115,2 milhões.
O setor que teve melhor resultado foi o do comércio e serviços. Segundo o balanço do BNDES, os desembolsos saltaram de R$ 7,4 milhões em 2008 para R$ 12,2 milhões este ano, elevação de 65,1%. O primeiro vice-presidente da Federação do Comércio, Bens e Serviços de Mato Grosso (Fecomércio-MT), Roberto Peron, explica que o setor teve um bom resultado porque os empréstimos solicitados ao agente financeiro são de valores menores se comparados aos pedidos feitos pela indústria e agropecuária.
“Com isso os empresários do setor comercial e de prestação de serviços estão dando continuidade aos investimentos em seus estabelecimentos, cujas aplicações são reformas, compra de equipamentos e capital de giro”, diz Peron ao prever que nos próximos meses o desempenho continuará positivo já que o movimento no varejo está aquecido e proporcionando novos investimentos por parte dos proprietários.