O dólar caiu mais de 1% nesta segunda-feira, refletindo o ingresso de recursos no fim da sessão e o otimismo com a notícia da recompra de títulos externos pelo Tesouro Nacional.
A divisa norte-americana encerrou o dia com declínio de 1,44%, vendida a R$ 2,251.
Segundo analistas, a venda de dólares por exportadores no final dos negócios foi pontual para que a moeda acentuasse a queda frente ao real, mesmo com o cenário internacional impondo pressão no câmbio.
No campo externo, comentários do chairman do Federal Reserve, Ben Bernanke, alertando para o repique do núcleo dos indicadores de inflação, aumentaram apostas de uma elevação no juro norte-americano em junho. As principais bolsas de valores dos Estados Unidos pioraram e o rendimento dos Treasuries subiu.
Internamente, a Bovespa acompanhou a deterioração externa, mas o dólar acentuou o declínio frente ao real.
“O mercado tentou dar uma piorada, mas hoje está tendo um pouco de fluxo (de entrada) e isso segurou a onda, mas passando esse fluxo, o mercado deve piorar. Está tudo muito ruim”, comentou o gerente de câmbio de um banco nacional, que não quis ser identificado.
O analista de mercado da corretora Socopa, Paulo Fujisaki, reforçou que a atuação de exportadores no fim do dia ajudou a derrubar o dólar, especialmente porque o volume na sessão foi inexpressivo.
“Era para estar piorando… os indicadores lá refletem que as coisas estão esquentando no mercado americano”, afirmou.
Outro fator que colaborou para que o câmbio operasse com otimismo foi a recompra de títulos externos pelo Tesouro Nacional, iniciada nesta segunda-feira.
Conforme nota do Tesouro, serão recomprados até US$ 4 bilhões em títulos denominados em dólar e euro, de prazos mais longos. A operação, feita por meio de “leilão holandês modificado”, será concluída no dia 8 de junho.
A diretora de câmbio da AGK Corretora, Miriam Tavares, destacou que a recompra é favorável para o país e pode reforçar o ingresso de recursos. “(O investidor) tem menos títulos para comprar lá fora, pode querer investir em papéis do Brasil e internalizar recursos”, explicou.
Nesta tarde, o risco-país, medido pelo banco JP Morgan, caía 13 pontos, para 262 pontos-básicos sobre os Treasuries.
A diretora ponderou que o dólar não tem muita força para cair, mesmo em dias de otimismo, por conta da indefinição sobre o rumo do juro nos EUA. Ela vê o dólar oscilando em uma faixa entre R$ 2,25 e R$ 2,30.