O dólar começou o mês praticamente estável, com o Banco Central mantendo nesta quarta-feira o ritmo intenso de compra de moeda e enxugando a liquidez do mercado.
Após operar com ligeira queda durante o pregão, a divisa norte-americana terminou o dia com variação positiva de 0,05 por cento, a 2,145 reais.
O feriado de Finados na quinta-feira, que mantém fechados os mercados brasileiros, também contribuiu para a cautela dos investidores.
“O BC está comprando bastante, recolhendo todo o fluxo, ele não deixa o dólar cair”, explicou o gerente de câmbio de um banco nacional, que não quis ser identificado.
“A bolsa melhorou, o DI melhorou, só o dólar fica no zero a zero e acho que essa é a intenção do Banco Central”, completou.
O BC aceitou cinco propostas no leilão de compra desta sessão, com corte a 2,1424 reais. Operadores ressaltaram que muitos bancos não têm divulgado suas ofertas.
Desde outubro, a autoridade monetária intensificou o volume de dólares adquirido no mercado. A operação serve para recompor as reservas internacionais, que na terça-feira superaram 78 bilhões de dólares pela primeira vez na história.
Ainda assim, o fluxo cambial terminou positivo em outubro em 3,187 bilhões de dólares, segundo dados divulgados nesta manhã. Os bancos reduziram bem a posição comprada em dólares, de 2,419 bilhões de dólares em setembro para 689 milhões de dólares.
Antes do leilão do BC, o dólar operava em queda, refletindo o bom desempenho da Bolsa de Valores de São Paulo.
De acordo com Júlio César Vogeler, operador de câmbio da corretora Didier Levy, os investidores estrangeiros estão retornando ao mercado brasileiro, o que engrossa a oferta de dólares. “O pessoal está vendendo dólar e comprando bolsa.”
O saldo de estrangeiros na Bovespa está positivo em quase 1,4 bilhão de reais em outubro, até dia 27, a maior entrada desde janeiro, quando a bolsa teve superávit de 2,6 bilhões de reais.
A Bovespa subia mais de 1,5 por cento nesta tarde, e chegou a superar os 40 mil pontos na primeira etapa. Entre os motivos que justificavam o otimismo estão os comentários recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que não deve haver grandes mudanças na política econômica em seu segundo mandato.
Nos EUA, a perspectiva é de que o Federal Reserve deva deixar os juros inalterados até o fim do ano, para reavaliar a política monetária no começo de 2007.