O dólar encerrou em baixa nesta quarta-feira, refletindo um cenário externo que aos poucos se acalma, embora analistas ainda considerem cedo para afirmar que o período de turbulências acabou.
A divisa norte-americana fechou o dia a 2,113 reais, com desvalorização de 0,19 por cento. As bolsas de valores no mundo operaram entre discreta baixa e leve alta na sessão e o risco-país se manteve estável.
“O mercado deu uma trégua hoje. Lá fora tem ajudado um pouco e o fluxo também está bastante positivo”, comentou o gerente de câmbio de um banco estrangeiro, que não quis ser identificado, acrescentando que o volume de negócios superava os 3 bilhões de dólares.
“Os fundamentos domésticos ainda estão estáveis e o mercado está resistindo bem às turbulências, mas ainda há algum receio”, disse o gerente.
Os investidores ainda esperam os dados de postos de trabalho nos EUA na sexta-feira para tentar pintar um cenário mais completo da maior economia mundial. O Livro Bege do Federal Reserve, divulgado nesta tarde, apontou desaceleração econômica em várias regiões dos EUA.
Por aqui, dados do BC mostraram que o fluxo cambial ficou positivo em fevereiro em 6,977 bilhões de dólares, o maior desde maio do ano passado. As entradas de divisas por transações financeiras somaram 19,664 bilhões de dólares, o maior valor desde outubro de 2006.
Os dados também indicaram que os bancos ampliaram a posição vendida em dólar para 6,05 bilhões de dólares no fim de fevereiro, ante 3,378 bilhões em janeiro.
Para João Medeiros, diretor de câmbio da Pioneer Corretora, a taxa de juro brasileira é um dos principais responsáveis pelo volume expressivo de divisas que entra no país.
“Os bancos continuam com uma baita posição vendida, não só no (mercado à vista) como também na BM&F, de maneira geral apostando contra o governo, ou seja, que o câmbio tende a cair”, explicou o diretor.
Na BM&F, os estrangeiros detinham posição vendida em dólar em 6,084 bilhões de dólares na terça-feira.
“Enquanto não tiver uma taxa de juro que iniba o investimento estrangeiro principalmente de curto prazo, (o dólar) não vai parar de cair, a pressão é muito grande e só tem o governo comprando”, acrescentou.
Nesta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) encerra sua reunião de dois dias para definir o nível do juro básico do país. A taxa Selic está atualmente em 13 por cento ao ano e a expectativa do mercado é de um novo corte de 0,25 pontos percentual.
O BC realizou leilão de compra de dólares à tarde e aceitou entre quatro e sete propostas, segundo operadores, com corte a 2,111 reais. Dados da base monetária indicam que nos dois primeiros dias de março, o BC adquiriu cerca de 1,55 bilhão de dólares.