O dólar voltou a cair nesta quarta-feira, acompanhando o cenário externo tranquilo e o novo recorde da Bolsa de Valores de São Paulo, chegando perto do menor valor em sete anos. A moeda norte-americana teve queda de 0,75% e fechou cotada a R$ 1,847 – perto da menor cotação desde 2000, registrada há cerca de dois meses.
O mercado de câmbio se aproveitou da calmaria em todo o mundo. Nos Estados Unidos, as ações foram sustentadas pelo recuo maior que o esperado nas encomendas de bens duráveis – indicador de atividade econômica.
O resultado aumentou a expectativa de novo corte do juro nos Estados Unidos. Na semana passada, a redução de 0,5 ponto percentual na taxa fez as bolsas dispararem e deu força para o dólar ceder definitivamente abaixo de R$ 1,90 no Brasil.
Mesmo com a valorização do real, o Banco Central se manteve fora do mercado à vista. O último leilão de compra de dólares foi realizado pela autoridade monetária em 13 de agosto, antes do auge da turbulência que fez o dólar disparar acima de R$ 2,10 na metade do mês passado.
“(O Banco Central) vai ter que perceber um fluxo muito grande de dólares para voltar” aos leilões, disse Jorge Knauer, gerente de câmbio do Banco Prosper, no Rio de Janeiro.
No ano, o País acumula o recorde de aproximadamente US$ 70 bilhões em fluxo positivo. O resultado parcial de setembro, porém, é bem mais fraco, com saída líquida de cerca de US$ 1 bilhão como efeito da recente crise no exterior.
A perspectiva dos agentes é de que a situação mais calma nos mercados após o corte do juro norte-americano restabeleça o fluxo do primeiro semestre, com ingresso de estrangeiros na Bovespa, investimento direto em empresas, saldo positivo na balança comercial e operações de arbitragem, que têm o objetivo de aproveitar a taxa de juro brasileira.
Knauer cita também outro motivo para a ausência do BC: o controle da inflação. Ainda que a autoridade monetária não reconheça oficialmente, a manutenção do dólar a um patamar mais baixo diminui a pressão sobre os importados e ajuda a manter a inflação perto da meta estabelecida pelo governo.
“Isso obviamente não é política monetária, política cambial é uma coisa à parte. Mas faz sentido ter um dólar enfraquecido. Isso ajuda a controlar a inflação apesar de não ser o melhor instrumento para isso”.