O dólar comercial quebrou uma sequência de duas altas e fechou esta terça-feira (28) em queda de 2,61%, cotado a R$ 3,306 na venda. Esse é o menor valor de fechamento do dólar desde 23 de julho de 2015, quando terminou o dia valendo R$ 3,296. É também a maior queda percentual diária desde 11 de maio (-2,83%).
Com a baixa de hoje, o dólar acumula desvalorização de 8,48% no mês e de 16,26% no ano. Na véspera, a moeda norte-americana havia subido 0,44%.
Investidores pelo mundo estavam mais otimistas nesta sessão, após dois pregões de cautela e preocupações por causa da decisão do Reino Unido de sair da União Europeia (UE).
Muitos operadores temem que a instabilidade política gerada pela decisão cause impactos negativos na economia global e no apetite por risco. Porém, a perspectiva de novos estímulos econômicos pelos bancos centrais ajudou a tranquilizar o mercado.
"Após dois dias de baixa, as Bolsas globais mostram alguma reação. É o primeiro respiro após [a saída britânica da UE]", escreveram analistas da corretora Guide Investimentos em relatório. "A melhora, no entanto, tende a ser provisória, em nossa opinião. Ainda há muito a discutir, e as incertezas continuarão presentes", acrescentaram.
No Brasil, investidores aprovaram a postura do Banco Central na primeira comunicação ao mercado sob o comando de seu novo presidente, Ilan Goldfajn.
Pela manhã, o BC aumentou sua projeção de inflação para este ano, de 6,6% para 6,9%, e informou que buscará mantê-la dentro dos limites da meta do governo. Em 2016, a meta é manter a inflação em 4,5% ao ano, mas com tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo (na prática, variando entre 2,5% e 6,5%).
Com a expectativa de que a inflação continue alta, o BC afirmou que não há espaço para começar a cortar a taxa básica de juros. A manutenção dos juros em 14,25% ao ano por mais tempo tende a manter o Brasil atrativo para investidores estrangeiros.
"Houve uma melhora substancial do humor lá fora, o mercado está muito satisfeito com o tom adotado pelo BC nas comunicações de hoje", disse Marcos Trabbold, operador da corretora B&T, à agência de notícias Reuters.