Após romper a barreira dos R$ 2,10 no início da tarde, o dólar desacelerou a queda para 0,57% e encerrou a R$ 2,11 nesta quinta-feira – menor preço de fechamento desde março de 2001.
Essa foi a sexta sessão consecutiva de queda do dólar. Entre os principais motivos que reforçaram o bom humor no câmbio, segundo analistas, estava a redução das apostas de que o Federal Reserve seguirá elevando os juros norte-americanos por muito mais tempo.
A emissão de US$ 500 milhões na reabertura do bônus global 2037 pelo Tesouro Nacional também aumentou o otimismo no mercado. A emissão pode motivar empresas privadas a captarem lá fora, engrossando o fluxo de ingressos no Brasil, explicou o gerente de câmbio de um banco estrangeiro.
Na mínima do dia, o dólar recuou 1,08% e chegou a R$ 2,099 pela primeira vez em cinco anos. O forte declínio levou algumas tesourarias a comprar dólares, disseram operadores.
“Tem a barreira dos R$ 2,10 que está muito forte”, lembrou o economista da corretora Liquidez, Marcelo Voss. “Mas teve a notícia positiva lá de fora com a queda do núcleo da inflação (nos Estados Unidos).”
O leilão de compra de dólares, em que o Banco Central aceitou 17 propostas, com corte a R$ 2,105, também enxugou parte da liquidez do mercado perto do fechamento. Não houve leilão de swap cambial reverso pela sétima sessão seguida.
Inflação nos EUA
O índice de Preços ao Consumidor dos Estados Unidos subiu apenas 0,1% em fevereiro, mesma alta registrada pelo núcleo do índice. A inflação comportada amenizou preocupações recentes de que o Federal Reserve poderia ter que elevar mais o juro nos Estados Unidos.
Nesta tarde, o rendimento dos Treasuries de 10 anos caía para cerca de 4,64%, após registrar 4,73% na quarta-feira.
Aliada à essa perspectiva, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária divulgada nesta manhã praticamente descartou a possibilidade de um corte de 1 ponto percentual na taxa Selic na próxima reunião. Assim, o patamar elevado do juro brasileiro permaneceria atrativo ao investidor estrangeiro.
O responsável por câmbio do banco ING, Alexandre Vasarhelyi, destacou que o mercado está dividido quanto a um corte de 0,50 ou de 0,75 ponto percentual na reunião de abril.
Ainda no campo interno, o operador de câmbio de um banco nacional relatou um certo desconforto do mercado em relação às denúncias envolvendo o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. O mercado segue atento às declarações do caseiro Francenildo Santos Costa, que foi convocado a falar na CPI dos Bingos sobre o que acontecia em uma casa alugada por ex-assessores de Palocci em Brasília.
O depoimento foi suspenso por decisão do Supremo Tribunal Federal, depois de ter sido iniciado.