O consumo de combustíveis no Brasil continua aquecido e o abastecimento do mercado nacional está no limite, disse nesta terça-feira a entidade que reúne as distribuidoras, com um crescimento de 6,3 por cento nas vendas neste ano em relação a 2011. Para a gasolina, a projeção é de alta de 12,2 por cento no consumo em 2012, na comparação com o ano passado, informou o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom).
Sindicom diz que distribuição de combustíveis está no limite (Mario Anzuoni/Reuters) Sindicom diz que distribuição de combustíveis está no limite.
"É um crescimento chinês nas vendas de gasolina, índices que têm descolado do PIB, e isso tem levado a um esforço muito grande para manter o mercado abastecido", afirmou Alísio Vaz, presidente do Sindicom, a jornalistas nesta terça-feira.
Com o aquecimento da demanda, não chegou a ocorrer desabastecimento de combustíveis no país, mas problemas pontuais de entrega do insumo para alguns postos chegaram a ser registrados, disse o executivo.
"Desabastecimento é uma palavra ruim, não é isso. Mas estamos muito próximos do limite", disse Vaz, durante evento de balanço do ano.
Segundo ele, até o momento apenas no Amapá houve falta de combustíveis generalizada. "Nos demais Estados pode ter faltado em um posto ou outro, mas o consumidor sempre encontrava", explicou. Para atender ao mercado estão sendo abertos mais postos, a frota de caminhões vem crescendo, disse Vaz, mas faltam obras estruturais como aumento dos portos, estradas e terminais.
"Temos gargalos na infraestrutura, como o recebimento de gasolina e diesel nos portos do Nordeste. As refinarias estão com a produção no limite e esses são os principais desafios dos investidores", disse ele.
"Por trás disso está o fato de que estamos importando mais diesel e muita gasolina", disse o executivo.
Vaz disse que as distribuidoras elevaram para 1 bilhão de reais os investimentos em infraestrutura de distribuição em 2012, contra 300 milhões de reais investidos em 2009, para atender ao crescimento vigoroso do setor.
"Está se discutindo se o PIB (Produto Interno Bruto) vai crescer 1,5 por cento, mas aqui a discussão é de um crescimento de demanda de 20 por cento da gasolina no Nordeste em 2012. É difícil manter o país abastecido com a mesma estrutura que se tinha há 20 anos", disse o executivo.
Ele lembrou que em três anos o mercado cresceu 30 por cento. Enquanto o consumo de gasolina no país deverá crescer em média 12 por cento no ano, em alguns Estados a alta deve ser acima de 20 por cento, como Mato Grosso (24 por cento), Piauí (22 por cento) e Maranhão (20 por cento).
Já o mercado de óleo diesel deverá crescer 6,8 por ano este ano, ainda de acordo com a estimativa do Sindicom. A perspectiva é que as vendas do combustível, considerado um termômetro da economia, chegue a 55,8 bilhões de litros este ano. Desde 2009, a comercialização de óleo diesel cresceu 26 por cento.
Etanol
A média do consumo de combustíveis em 2012 não será maior porque houve queda no consumo de etanol hidratado, segundo o Sindicom.
A demanda de etanol hidratado deverá encerrar 2012 com uma retração de 10,4 por cento, de acordo com o Sindicom. Desde 2009 o consumo de etanol caiu 41 por cento, segundo a entidade.