A economia brasileira perdeu 654.946 postos de trabalho formal no mês de dezembro de 2008, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O número corresponde a mais que o dobro da média histórica de dezembro que, geralmente, registra o fechamento de 300 mil vagas no mês. Esse desempenho negativo reflete uma piora brusca das condições do mercado de trabalho e da produção industrial.
Em Mato Grosso, dezembro teve cerca de 15 mil trabalhadores demitidos. O saldo em 2008, porém, foi positivo com 22,893 mil pessoas empregadas no ano em diversos segmentos.
Apesar do resultado ruim de dezembro, o ano de 2008 encerrou com um saldo de 1,4 milhão de empregos formais criados – o terceiro melhor ano do levantamento do Ministério do Trabalho, ficando atrás apenas de 2004 e 2007. No ano passado, foram contratados 16,6 milhões trabalhadores com carteira e demitidas 15,2 milhões de pessoas.
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, disse que os números de dezembro de 2008 devem ser avaliados com cautela, pois o pior momento da crise mundial já se refletiu na economia brasileira: “O Brasil não viverá momentos mais graves do que já viveu. Teremos os meses de janeiro e fevereiro fracos na geração de empregos, mas positivos. Teremos, em março, o começo da retomada forte na geração de empregos.”
As estatísticas do Caged alimentaram uma discussão polêmica na semana passada, com empresários pedindo mudanças na legislação trabalhista. Lupi ressaltou que os problemas no mercado trabalho resultam da alta da taxa de juros, promovida pelo Banco Central no ano passado. Na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reúne para definir se reduz ou não os juros básicos que estão em 13,75% ao ano.
Segundo o ministro, “a queda da taxa de juros irá ajudar a indústria da transformação” a recuperar empregos. “Penso que o momento de crise não é de se retirar direitos [como defendem os empresários]. É momento de sentar, como pessoas civilizadas, sem acusação, e discutir saídas que não tirem empregos e direitos do trabalhador”, afirmou.
O mercado de trabalho sofreu impactos mais fortes em dezembro por conta da desaceleração da produção industrial no final de 2008. Os dados do Caged mostram que a indústria de transformação perdeu 273,1 mil postos de trabalho no mês passado, que é um número bem acima da perda de 134 mil na agricultura e 117 mil no setor de serviços. Apesar do recuo, os segmentos fecharam 2008 com saldo positivo.
O setor de serviços lidera o ranking na criação de empregos formais, com mais de 648 mil novos postos de trabalho no ano passado. O comércio gerou 382,9 mil vagas; a construção civil, 197,9 mil; e a indústria de transformação, 178,7 mil. Segundo o Caged, o setor agrícola foi o que obteve o resultado mais modesto: 18,2 mil postos de trabalho gerados no ano passado.