O crescimento da construção civil deve cair pela metade no ano que vem ante o resultado previsto para este ano. De acordo com as estimativas divulgadas hoje (7) pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), o avanço de 11% previsto para 2010 deve cair para casa dos 6% em 2011 devido a "gargalos" enfrentados pelo setor.
Segundo Eduardo Zaidan, diretor de Economia da entidade, o desempenho de 2010 é recorde e dificilmente será igualado antes que o setor supere o que ele classificou de "novos desafios". Um deles, disse Zaidan, é o da produtividade.
Ele afirmou que as construtoras precisam investir em tecnologia e formação de profissionais para aumentar o número de unidades e obras realizadas com o mesmo custo. "Se não tivermos um salto importante na produtividade, vai ser difícil alcançarmos os mesmos patamares de crescimento", disse.
Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos da Fundação Getulio Vargas (FGV) e responsável pela elaboração das estimativas da construção, destacou a mão de obra como ponto-chave para um crescimento maior do setor. Segundo ela, a indústria da construção trabalha atualmente com um nível de ocupação recorde e, em alguns casos, faltam trabalhadores. Para a técnica da FGV, isso tem elevado o custo das obras e pressionado o desempenho do setor. Até novembro, por exemplo, o gasto com trabalhadores na construção já havia crescido 8,73% no ano.
O custo dos materiais também preocupa, segundo Ana Maria Castelo. Em 11 meses, a alta é de 5,01%, causada, principalmente, pelo aumento da demanda. "A partir do momento em que você tem um aumento de demanda, você tem aumento dos custos", afirmou. "A indústria de materiais está trabalhando bem perto do seu limite", completou.
Ela destacou, porém, que as expectativas para 2011 são boas apesar da desaceleração prevista. Afirmou ainda que os empresários estão otimistas e confiantes, mesmo depois do governo federal anunciar um corte de gastos para o ano que vem.
Para Zaidan, boa parte do crescimento previsto para 2011 diz respeito a obras já contratadas. Caso o governo desista de projetos futuros, isso será sentido daqui a alguns meses e que não vai comprometer todo o setor, prevê o diretor de Economia do Sinduscon-SP.