A corrida eleitoral já começou, e com ela se inicia também um período de trabalho temporário onde se aumenta a geração de emprego e renda nas cidades. Porém, esse incremento não acontece mais nos patamares de campanhas anteriores a 2004. Isso porque a lei eleitoral mudou e proibiu, por exemplo, a distribuição de brindes como camisetas e bonés, que eram os grandes responsáveis pela movimentação da indústria de confecção. Além de aumentar a produção nas fábricas, a confecção desses produtos obrigava as empresas a contratar funcionários temporários para atender a demanda. Hoje isso não acontece mais.
O sócio-proprietário da Stamp, uma das grandes confecções de camisetas de Cuiabá, Cláudio Henrique Maluf Vilela, destaca que a produção de camisetas caiu 95% em época eleitoral. Agora, só podem usar camisetas quem está trabalhando na campanha e ela não pode ter o nem do candidato, só do partido. Quando as camisetas eram as vedetes da campanha, a Stamp dobrava a produção, duplicava o número de funcionários e trabalhava 24 horas para atender as encomendas. Agora, com o trabalho concentrado mais em adesivos e bandeiras, a produção na empresa tem incremento de apenas 10% a 15% na produção, no período eleitoral. Um dos efeitos negativos disso é que com esse pequeno volume a mais a fábrica não precisa contratar temporários.
“O prejuízo é grande não só para o segmento de confecções, que era um grande contratador, mas também perdem as campanhas eleitorais. A camiseta era uma mídia limpa e ainda deixava como saldo para o eleitor a peça de vestuário. Mas a lei está aí e é para ser cumprida”.
Situação diferente vivem as gráficas. Nesse setor, a campanha eleitoral continua gerando lucros. A estimativa do presidente do Sindicato da Indústria Gráfica de Mato Grosso (Singemt), Lídio Moreira, é que a produção nas empresas do ramo aumente entre 20% e 30% nessa época. Mas ele também ressalta que as mudanças na lei eleitoral reduziram um pouco essa movimentação.
Os temporários na gráficas, que basicamente são contratados somente para a campanha eleitoral, também devem ser 20% a mais que os atuais 5 mil funcionários empregados no setor no Estado. Ao todo são 220 gráficas em Mato Grosso. Moreira frisa que as campanhas políticas geralmente ficam concentradas nas grande gráficas, mas o trabalho beneficia todas. Ele explica que há uma transferência de demanda, ou seja, os trabalhos normais acabam sendo direcionados para outras gráficas porque as que pegaram material de campanha para fazer estão lotadas e não conseguem atender em prazo adequado as demais solicitações de outros clientes.