A conta de luz nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste deve subir pelo menos 5% no próximo ano. O cálculo é do presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman. Segundo ele, o preço da energia gerada pela Usina Hidrelétrica de Itaipu, que abastece 30 distribuidoras dessas regiões, deverá aumentar.
De acordo com Kelman, a tarifa da usina, que em agosto deste ano era de R$ 76 por megawatt/hora, deverá custar R$ 120 por megawatt/hora no próximo ano. A energia gerada por Itaipu representa uma parcela variável em cada distribuidora, mas Kelman citou o caso da Elektro, que atende o interior de São Paulo, cuja parcela é de 20%. “Então, se nada mais acontecer, o aumento da tarifa para a Elektro será de 5%”, explica.
Um dos fatores para o aumento, segundo Kelman, é o aumento da tarifa de Itaipu em 8,7%, autorizado ontem pela Aneel. Além disso, a alta do dólar deve influenciar na conta de luz. “Quando foi feito o cálculo da tarifa hidrelétrica, o dólar estava a R$ 1,60. Então, aquela receita exigia poucos reais”, disse.
O presidente explica que o cálculo do aumento da tarifa foi feito com base no dólar a R$ 2,20, mas se o câmbio mudar, o percentual também deverá variar, para mais ou para menos. Hoje (10), a moeda fechou em R$ 2,43.
“Isso significa que, lamentavelmente, a tendência é que que as tarifas subam no próximo ano. O que seria desejável seria diminuir os encargos, os impostos e o custo do capital”, defendeu Kelman, que vai deixar a diretoria da Aneel em 2009. Hoje ele fez um balanço de sua gestão na Comissão de Serviços de Infra-Estrutura do Senado.
Durante a apresentação, Kelman disse que as tarifas de energia são muito altas no Brasil. Segundo ele, além da renda per capita dos brasileiros ser menor, a energia no país é cara porque estão sendo utilizadas fontes mais caras e poluentes.
Outro fator que influencia no preço da conta de luz, segundo ele, são os impostos. “Temos uma carga tributária muito elevada. Quase 50% do que o consumidor paga é de encargos e tributos”, disse.