A consultora da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e mestre em economia, Virgínia Haag, alertou industriais e empresários em Sinop sobre a oportunidade de crescimento da empresa e diminuição dos riscos ao ingressar no mercado internacional. “Quando o Brasil está num período de quase estabilidade, vamos dizer assim, ou até mesmo de recessão, se as empresas têm clientes em outros países que estão crescendo a taxas maiores que as brasileiras, elas vão ter o crescimento delas vinculadas às taxas de crescimentos desses países e não somente às do Brasil. E, com isso, elas vão poder crescer mais que os concorrentes no Brasil que só estão trabalhando no mercado interno. Então, isso é uma questão de estratégia de empresa porque, sem dúvida nenhuma, ela vai diluir os riscos, as chances de crescimento vão ser muito maiores e mais fortes do que os concorrentes”, orientou.
As orientações foram dadas durante um curso, realizado há poucos dias. “Foi muito positivo porque tivemos pessoas realmente interessadas em exportar, a maior parte deles ainda não exportou. O curso foi essencial para eles porque foi bem introdutório, de preparação mesmo. E atingiu plenamente os objetivos porque se a ideia era estimulá-los, saíram daqui estimulados, sabem que hoje a exportação não é um bicho de sete cabeças e é algo que podem fazer sim. Outro ponto positivo é que daqui de Sinop vai sair um grupo exportador que pode começar pequeno, mas daqui um a dois anos pode estar bem maior. E isso vai ser tremendamente significativo para a região”, declarou.
Atualmente, grãos, madeira e carne estão entre os principais produtos comercializados por indústrias e empresas de Sinop para China, Estados Unidos e diversos outros países
De acordo com os dados da Organização Mundial do Comércio (OMC), enquanto o Brasil variou de 1,1% para 1,4% na participação do comércio global entre os anos de 1973 e 2012, a China saltou de 1,0% para 11,4% no mesmo período. “As exportações brasileiras são muito menores frente aos demais países. A política macroeconômica não contribui, é sempre um terreno de muita incerteza. O plano de governo chinês tem metas claras e definidas, ao contrário do que vemos no Brasil. E o comparativo de desempenho não deixa dúvidas”, avaliou.
Virgínia mostrou que o cenário das empresas exportadoras brasileiras é composto majoritariamente por pequenas e médias empresas. Das mais de 730.000 empresas, 21.814 exportam. Deste total, 9.588 são pequenas, 5.546 são médias e 6.680 grandes. “A princípio, todos os setores e porte de empresa têm condições de exportar, desde que tenham uma linha de produtos e serviços competitivos no exterior. O empresário deve fazer uma boa avaliação da situação atual da empresa e de sua competitividade, avaliando os produtos com maiores chances de sucesso e as necessidades de investimento e desenvolvimento de novas competências”, disse.
Entre as vantagens da internacionalização, ela aponta o acesso a recursos tecnológicos e financeiros, aumento do Market share e do faturamento, melhoria da imagem geral da empresa e nos processos e qualidade dos produtos. A consultora destaca ainda a menor dependência da sazonalidade, a redução do risco devido à diversificação de mercados e o equilíbrio da balança comercial interna.
Para o empresário Diones Marcos, o curso ministrado, semana passada, pela consultora eliminuou muitas dúvidas. “Nós temos a exportação como um fantasma. Então, o curso nos ajudou a ver que não é e que existem maneiras para ser fortalecer. Achei que teria dificuldades para compreender o assunto, mas foi tranquilo e a dinâmica do curso nos deixou bem à vontade”, afirmou.
Para a administradora Tatiana Ferrari, a capacitação pode ajudar a empresa a fechar o primeiro contrato internacional. “Participei deste curso para aprender, ter uma noção de exportação e informações que não estavam claras e nem disponíveis. Temos interesse em exportar e precisamos ter noção de tudo para analisar a viabilidade. Recebemos uma oferta para exportar para a Rússia, eles querem uma apresentação da empresa. E o curso veio em boa hora para que tenhamos as informações e saber passar algo concreto para eles. Saio daqui com minhas dúvidas sanadas pela consultora. Gostei muito do curso e dessa iniciativa”, garantiu.
O presidente do Sindusmad (Sindicato das Indústrias Madeireiras do Norte), Gleisson Tagliari, disse que há "uma perspectiva muito boa no cenário internacional, tanto em nível de crescimento quanto em nível de valorização cambial. Ao mesmo passo que o mercado interno mostra sinais de retração. Então, essa palestra veio em um momento interessante para que pudesse dar uma reanimada nas empresas, dar uma reavivada nas questões do mercado internacional e também oportunizar aquelas que estão pensando neste tipo de modalidade de comércio para que possam esclarecer suas dúvidas, dar o pontapé inicial e fazer a internacionalização”.
O curso foi promovido por Fiemt e Sindusmad, informa a assessoria.