A Controladoria-Geral da União (CGU) passará a divulgar, nas próximas semanas, uma nova relação contendo as empresas que investem em práticas corporativas éticas. O anúncio foi feito hoje (22), em São Paulo, pelo ministro-chefe da CGU, Jorge Hage. Ele explicou que a iniciativa, desenvolvida em parceria com o Instituto Ethos de Responsabilidade Fiscal, tem um caráter voluntário.
"Não é um cadastro para indicar que determinada empresa é `limpa´ ou que jamais se envolveu em corrupção, até porque não temos condição de atestar isso", disse o ministro em entrevista coletiva concedida durante a Conferência Latino-Americana sobre Responsabilidade Corporativa na Promoção da Integridade e no Combate à Corrupção, promovida em parceria com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Segundo o ministro, a nova listagem será um contraponto ao Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas, relação que já conta com cerca de 1,5 mil empresas impedidas de assinar novos contratos com o Poder Público por terem sido condenadas por atos de fraude e corrupção. A relação será divulgada nos sites da CGU e do Instituto Ethos.
As companhias interessadas em ter seu nome incluído na lista positiva terão que se comprometer a adotar programas contendo códigos de conduta e de integridade ética, iniciativas de proteção aos funcionários que denunciarem práticas ilícitas e, além disso, essas empresas terão que assumir o compromisso de denunciar à CGU ou ao Ministério Público atos de corrupção cometidos durante processos de concorrência pública e terão que dar transparência às doações feitas a partidos políticos e a candidatos a cargos eletivos.
De acordo com Hage, a intenção é que a divulgação das boas práticas sirva de exemplo, estimulando cada vez mais as empresas a promoverem a ética no setor privado. "Uma das grandes preocupações, não só no Brasil, mas em todo o mundo, é aumentar a consciência do setor privado para a sua responsabilidade na luta contra a corrupção, mostrando que é possível vencer do ponto de vista empresarial, jogando limpo e mostrando que as empresas que se envolveram em atos de corrupção tiveram danos de imagem que lhes custaram muito", observou.
Para o vice-presidente do Instituto Ethos, Paulo Itacarambi, o cadastro que irá para a rede é um avanço em relação ao Pacto de Combate à Corrupção e de Integridade, lançado em 2006 pelo instituto, e ao qual aderiram, inicialmente, 600 empresas. "Para as empresas avançarem, não basta elas tomarem medidas voluntárias pois isso tem um limite. É preciso que o mercado tenha mecanismos de punição, mas também de premiação das empresas. A iniciativa de reconhecer as boas práticas é um prêmio às empresas e eu considero que muitas delas vão querer ter suas marcas na relação", disse Itacarambi.