A Confederação Nacional de Diretores Lojistas (CNDL) divulgou comunicado hoje (17) no qual afirma que a indústria de cartões de crédito está na contramão da economia, porque "ultrapassa todos os parâmetros plausíveis, locupletando-se à custa dos consumidores e dos comerciantes", apesar das críticas do próprio presidente da República e do Banco Central.
Assinada pelo presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Júnior, a nota lembra que, de acordo com balanço divulgado pelos próprios cartões, o lucro do setor tende a subir entre 17% e 22% neste ano, com os 135 milhões de cartões movimentando cerca de R$ 253 milhões, o que representa expansão de 18% em relação ao ano passado.
Em que pese essa "saúde financeira", Pellizzaro assegura que os juros do cartão de crédito não caem há nove meses, como atesta pesquisa da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), divulgada ontem (16). Os juros permanecem em 10,68% ao mês, em média, o que dá 237,93% ao ano.
O presidente da CNDL diz que não existe "explicação razoável" para que os juros do cartão de crédito continuem inalterados e lá em cima, uma vez que a taxa básica de juros (Selic) esteve em processo de redução durante todo o primeiro semestre do ano e há cinco meses se mantém no patamar de 8,75% ao ano.
Pellizzaro lembra também a queda nos índices de inadimplência, tanto de pessoas físicas quanto de pessoas jurídicas, e menciona o esforço governamental na redução de impostos para combater, com vigor, os "efeitos nefastos" da crise econômica global. Enquanto isso, ressalta a ganância das empresas de cartão de crédito, que mantêm a mesma linha de obtenção de altos lucros.
Além da "absurda taxa", que varia de 4% a 5% em cada transação com dinheiro de plástico, Pellizzaro afirma que o lojista ainda tem que arcar com o aluguel das máquinas e, se quiser antecipar o pagamento, os juros podem chegar a até 6% ao mês. Como o comerciante repassa os custos, tudo isso vem embutido nos preços dos produtos.
Ele salienta também que os consumidores, obrigados a se curvar aos juros mais altos do mundo, ainda caem na armadilha do crédito rotativo, parcelado pelo cartão e muitos não conseguem honrar seus compromissos. E a implicação mais perversa, segundo Pellizzaro, é que o cidadão, enredado por essa situação, foca fora do mercado, sem movimentar a economia.. "O cliente é nosso maior patrimônio. Queremos ele de volta".
Por causa desse quadro, o Movimento Lojista se une à Frente Parlamentar do Comércio Varejista (203 deputados e 31 senadores) na defesa da regulamentação da indústria de cartões de meios eletrônicos de pagamento, com vistas a pôr um basta nesse "inexplicável privilégio" que tanto mal causa à população, de acordo com Pellizzaro.