O plantio da cana-de-açúcar em Mato Grosso pode ocupar até 5% da área localizada na Bacia do Alto Paraguai (BAP) sem trazer qualquer prejuízo ambiental. Atualmente, a área ocupada com esta cultura na região é de 1,4%, o que corresponde a aproximadamente 180 mil hectares, de um total de 223 mil (ha) cultivados em todo o Estado. Com o avanço da cultura, que será sobre áreas de pastagens degradadas, a área poderá ser ampliada para outros 1,1 milhão de hectares, o que geraria uma receita de até R$ 10,4 bilhões referente ao valor bruto da produção, que atualmente é de R$ 2,4 bilhões. As informações são do superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Seneri Paludo.
Os dados foram repassados a produtores rurais, proprietários de usinas e deputados estaduais e federais durante audiência pública realizada nesta terça-feira (6) na Assembleia Legislativa, para debater Zoneamento Agroecológico Nacional da Cana-de-açúcar (ZaeCana), Projeto de Lei que foi apresentado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva no mês passado e que está no Congresso Nacional.
Paludo afirma que existem aspectos técnicos que comprovam a viabilidade da cultura na Bacia do Alto Paraguai, cuja produção não traria qualquer impacto negativo ao ambiente. "Temos condições tecnológicas que permitem a ampliação da produção sem derrubar uma árvore sequer, ocupando apenas áreas já abertas e degradadas", afirma o superintendente ao acrescentar que a produção é altamente sustentável.
Já o vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Normando Corral, que também é produtor de cana, afirma que a limitação imposta pelo ZaeCana) é negativo para o Estado, que ocupa a sétima posição no ranking de maiores produtores de etanol no país. "Já fomos o terceiro maior produtor e com a restrição caminhamos para a décima posição", destaca Corral ao afirmar que o setor está bastante preocupado com o futuro da atividade no Estado.
Ele acrescenta ainda que 85% da produção estadual está concentrada na região da BAP e que, após a vigência da nova legislação, caso seja aprovada do jeito que está, elas serão impedidas de expandir. "O setor sucroalcooleiro vem avançando e introduzindo tecnologia, tanto é que a queimada antes da colheita será extinta no Estado nos próximos três anos, bem antes do período estipulado pelo governo, que é 2017".