Apesar de uma ação coordenada dos principais bancos centrais do mundo para injetar dinheiro e estimular a economia mundial, os mercados financeiros globais tiveram mais um dia de nervosismo. A bolsa de valores caiu quase 14% e voltou aos níveis de julho de 2008. O dólar fechou acima de R$ 5 pela primeira vez na história.
O índice Ibovespa, da B3, a Bolsa de Valores brasileira, fechou esta segunda-feira aos 71.168 pontos, com queda de 13,92%. Pela quinta vez em oito dias, a bolsa acionou o circuit breaker, mecanismo que suspende as negociações quando o índice cai mais de 10%. Das 10h24 às 11h02, a B3 ficou paralisada, mas o Ibovespa continuou a cair após a retomada da sessão.
O dólar comercial encerrou a segunda-feira vendido a R$ 5,047, com alta de R$ 0,234 (+4,86%), na maior cotação nominal desde a criação do real. A divisa subiu durante toda a sessão, mas superou a barreira de R$ 5 por volta das 15h30, até fechar próxima da máxima do dia.
A divisa acumula alta de 25,77% em 2020. Ao contrário dos últimos dias, o Banco Central (BC) não interveio no câmbio. A autoridade monetária não vendeu dólares das reservas internacionais nem contratos de swap (venda de dólares no mercado futuro).
O pacote de estímulos dos principais bancos centrais do mundo, que diminuíram juros e injetaram dinheiro nos mercados globais, não conteve as tensões. Os investidores interpretaram a medida como sinal de que a recessão mundial provocada pelo coronavírus será maior que o inicialmente previsto. O Federal Reserve (Fed), Banco Central norte-americano, diminuiu para zero os juros da maior economia do planeta e injetou US$ 700 bilhões.
A intensificação da guerra de preços do petróleo entre Arábia Saudita e Rússia também contribuiu para abalar o mercado. Ontem à noite, o governo saudita anunciou que aumentará ainda mais a produção de petróleo, inclusive alugando navios petroleiros para ficarem estacionados na costa do país.
A decisão derrubou o preço do barril do tipo Brent para abaixo de US$ 30 pela primeira vez desde 2003. As ações da Petrobras, as mais negociadas na bolsa, desabaram. Os papéis ordinários (com direito a voto em assembleia de acionistas) caíram 17,21% nesta segunda. Os papéis preferenciais (com preferência na distribuição de dividendos) recuaram 15%.