O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, afirmou hoje, que o fornecimento de gás natural da Bolívia ao Brasil está normalizado. Segundo Rondeau, a estação de bombeamento próxima ao campo de San Alberto, invadida por manifestantes, foi desocupada e o transporte no gasoduto Bolívia–Brasil voltou a operar em plena capacidade.
“Recebemos a informação do governo boliviano que às 13h30, no horário de lá, a produção e a compressão do gás foram regularizadas”, afirmou Rondeau no final desta tarde. “O governo brasileiro considera esse episódio superado.”
De acordo com o ministro, em quatro anos de funcionamento do gasoduto, essa foi a terceira vez que o fornecimento de gás boliviano para o Brasil foi reduzido por causa de incidentes com o gasoduto. “Nas outras duas vezes, problemas meteorológicos causaram a diminuição no transporte, mas dessa vez a diferença é que o incidente foi social [provocado por protestos na província de Gran Chaco, responsável por 85% da produção de gás da Bolívia]”, explicou.
Para Silas Rondeau, o impacto desse incidente foi mínimo e em nenhum momento o consumo ficou ameaçado. “No ano passado, quando as chuvas na Bolívia prejudicaram o gasoduto, o fornecimento diário de gás foi reduzido para 18 milhões de metros cúbicos por 90 dias e não houve a necessidade de racionamento”, ressaltou o ministro. Atualmente, o Brasil importa 26 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural do país vizinho.
Apesar de a produção no campo de San Alberto, operado pela Petrobras em parceria com a espanhola Repsol YPF e a franco-belga TotalFinaElf, ter sido reduzida de 10 milhões para 3,2 milhões de metros cúbicos diários por causa das manifestações dos últimos dias, o corte no total fornecido ao Brasil foi, segundo o governo, bem menor.
Conforme o Ministério de Minas e Energia, durante a interrupção dos trabalhos na estação de bombeamento, o país deixou de receber 1,8 milhão de metros cúbicos diários – 1,2 milhão destinado ao contrato da YPFB (estatal boliviana de petróleo) com a Shell/Prisma, que atende a Termelétrica Mário Covas, em Cuiabá (MT), e 600 mil metros cúbicos que iam para a Companhia de Gás de São Paulo (Comgás). O gás natural utilizado pela Petrobras não sofreu redução.
Silas Rondeau afirmou ainda que o governo brasileiro está trabalhando para acelerar a produção nacional de gás natural e investindo na importação de outros países para reduzir a dependência do combustível boliviano e garantir segurança para qualquer adversidade. “Em três a quatro anos, o mercado brasileiro vai atingir o ponto de equilíbrio e o país conquistará a independência externa em relação ao gás natural”, prometeu o ministro.
Rondeau também disse ter recebido garantias do ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos Villegas, de que o governo do presidente boliviano Evo Morales não prepara nenhuma ocupação de refinarias e de unidades de produção em 1º de maio, quando o decreto de nacionalização do gás boliviano completará um ano. “O ministro Villedas me assegurou que não existe nada ameaçando a exportação de gás para o Brasil, nem o 1º de maio”, destacou o ministro.
Desde a última segunda-feira, a população da província de Gran Chaco bloqueia estradas e faz protestos em refinarias e campos de produção de gás natural. Os manifestantes exigem parte dos lucros da exploração do combustível e reivindicam um plano de desenvolvimento para a região, no sul da Bolívia.